Considerações de Padre Lombardi sobre reações em curso, na Irlanda, ao Relatório sobre
abusos de menores (1996-2009) na diocese de Cloyne
Na sequência de outros três Relatórios promovidos pelas autoridades irlandesas sobre
sobre abusos sexuais de menores da parte de membros da Igreja Católica, nomeadamente
o que dizia respeito à arquidiocese de Dublin (2009), foi publicado no passado dia
13 um outro Relatório, desta vez sobre a diocese de Cloyne, no período de 1996 a 2009.
Este Relatório tem suscitado fortes reações e tomadas de posição críticas em relação
ao Vaticano, mais uma vez acusado de não ter enfrentado com a firmeza que se impunha
os problemas relativos aos abusos de menores, no seio da Igreja na Irlanda. A
propósito destas notícias dos últimos dias, interveio, a título pessoal, o nosso director,
Padre Federico Lombardi, que, entre outras considerações, começa por recordar e renovar
os intensos sentimentos de dor e reprovação expressos pelo Papa no encontro com os
bispos irlandeses convocados no Vaticano em Dezembro de 2009, precisamente para enfrentar
a situação da Igreja na Irlanda à luz do Relatório sobre a Arquidiocese de Dublin
que acabava de ser publicado. O Papa falava então de “desconcerto” e “vergonha” por
tais “hediondos crimes”.
Depois desse encontro – recorda o Padre. Lombardi
– Bento XVI publicou a ampla e bem conhecida Carta aos Católicos da Irlanda (Março
de 2010) em que, exprimindo toda a sua participação nos sofrimentos das vítimas e
respetivas famílias, sublinhava com vigor as terríveis responsabilidades dos culpados
e dos responsáveis da Igreja na sua tarefa de governo e vigilância. À publicação dessa
Carta seguiu-se a visita de alguns enviados do Papa às quatro arquidioceses da Irlanda,
a seminários e Congregações religiosas, visita cujos resultados estão numa fase avançada
de estudo e avaliação.
Padre Lombardi, considera, portanto, justo reconhecer
o forte empenho da Santa Sé em encorajar e apoiar a Igreja da Irlanda, (mesmo do ponto
de vista normativo), para que esta, num processo de “cura e renovação”, possa superar
definitivamente a crise ligada à dramática chaga dos abusos sexuais contra menores.
Convida também a reconhecer o empenho da Santa Sé na renovação das normas canónicas
relativas a abusos sexuais contra menores e sublinha que não há nenhuma tentativa
da parte da Igreja de ocultar casos de abusos sexuais ou de desrespeitar as leis nacionais.
Antes pelo contrário. Tem apelado os membros da Igreja a não impedir de modo nenhum
o caminho da justiça civil.
Por isso, atribuir graves responsabilidades à
Santa Sé por quanto aconteceu na Irlanda parece – segundo no P. Lombardi - ultrapassar
o conteúdo do Relatório, bastante equilibrado na atribuição das responsabilidades,
e é não ter em conta o que a Santa Sé tem feito ao longo destes anos no sentido de
contribuir eficazmente para a resolução do problema.
O Relatório sobre a
Diocese de Cloyne – conclui o director da Rádio Vaticano - marca uma nova etapa no
longo e difícil caminho da procura da verdade, da penitência e purificação, de saneamento
e renovação da Igreja na Irlanda, caminhada à qual a Santa Sé não se sente de modo
algum alheia, nela participando, isso sim, com solidariedade e empenho.