Rio de Janeiro, 18 jul (RV) - Nestes dias acontecem dois grandes eventos relacionados
com a comunicação: o 1º Seminário de Comunicação para os Bispos do Brasil e o 7º Mutirão
Brasileiro de Comunicação. Encontros estes que querem aprofundar a importância desse
assunto para a missão evangelizadora da Igreja.
Quando falamos em comunicação,
estamos nos referindo ao processo comunicacional e a toda e qualquer forma de transmissão
de mensagens, conteúdos ou informações para outras pessoas. O termo comunicação é
abrangente e não se restringe apenas aos meios midiáticos (rádio, TV, jornal impresso,
site etc.), mas a toda e qualquer forma de relacionamento humano.
Falar da
Comunicação como espaço sociocultural para se realizar a evangelização no mundo contemporâneo
significa abordar, sobretudo, um contexto de sociedade que se transforma numa velocidade
alucinada, marcado pelos avanços tecnológicos, principalmente pela era digital, que
provoca mudanças sociais e de costumes, onde o mundo das comunicações se apresenta
como uma área cultural de grande importância a ser refletida pela Igreja.
A
Igreja, em sua missão evangelizadora, tem que comunicar Jesus Cristo, Senhor da Vida,
nosso Salvador! Para comunicar essa Boa Notícia supõe-se que a pessoa que o faz seja
evangelizada e não apenas saiba as técnicas da comunicação. É a Igreja e sua missão
que falam por si mesmas há dois mil anos e que tendem a ocupar um espaço muito maior
no terceiro milênio. Esse fato tem relevância quando percebemos que estamos inseridos
nesse meio e fazemos parte dessa história. Essa é a história que nos compete. Somos
chamados a atuar e a ser "instrumentos de salvação" na história vivida de nossa cotidianidade.
Esta sociedade midiática é o "lugar teológico" para cada um de nós, cristãos!
A
principal imagem da Igreja é Cristo nos mistérios da encarnação, morte e ressurreição.
Sendo assim, a Pastoral da Comunicação tem uma importância muito grande na vida de
qualquer paróquia, pois tudo o que é feito e realizado em nossas comunidades tem como
objetivo a evangelização.
Sabemos que não existe evangelização sem comunicação.
Evangelizar implica necessariamente em comunicar. Até mesmo o testemunho de vida como
ação evangelizadora é um pressuposto e também uma forma de comunicação. O ato de testemunhar
é comunicar com a própria vivência a mensagem do Evangelho. As pessoas testemunham
porque outras entendem e captam a mensagem que elas transmitem através da sua forma
de viver. E as mudanças rápidas das tecnologias de comunicação têm a ver com a vivência
da fé cristã, quando pensamos, por exemplo, que estamos imersos numa cibercultura,
a cultura virtual, que expressa o surgimento de um novo universo, sem totalidade.
Um universo de técnicas, de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores
que se desenvolvem e que exercem influência sobre a fé e a vivência da religiosidade.
A Pastoral da Comunicação cumprirá o seu papel em nossas Dioceses, Paróquias e
comunidades quando assumir a formação e o compromisso de conscientizar todos os ministros
ordenados e os agentes de pastorais da necessidade de se comunicar, e comunicar-se
bem. Só comunica quem tem algo a dizer. E nós temos a mais importante mensagem, conteúdo,
a notícia e informação a ser anunciada: a pessoa de Jesus Cristo. Trata-se, então,
de estabelecer um diálogo entre Evangelho e comunicação, aprofundando as palavras
de Paulo VI, no documento sobre a evangelização Evangelii Nuntiandi, que afirma: "a
ruptura entre o Evangelho e a cultura é, sem dúvida, o drama da nossa época" (EN,
20). Esta expressão é reconfirmada por João Paulo II em outro documento, sobre as
missões, Redemptoris Missio (37).
Neste contexto, é preciso levar em consideração,
entretanto, que não é apenas a existência de novos aparatos tecnológicos (estamos
na era digital!), mas trata-se também de conhecer, compreender a revolução de linguagem
que estamos vivendo nesse início do terceiro milênio. Mudam os paradigmas, sobretudo
os métodos para explicitar a fé. Daí a importância e o convite para a Teologia conhecer,
refletir e "iluminar" esse revolucionário "lugar teológico", que sempre mais provoca
a mudança de referências, linguagens e métodos pastorais na evangelização atual.
Essa missão, por si só, exige de cada um de nós a excelência na comunicação.
Comunicar é dever do cristão, um compromisso que assumimos com a Igreja de Cristo
em anunciar o amor de Deus a todas as pessoas.
O Documento de Aparecida nos
exorta a uma Conversão Pastoral. A Pastoral da Comunicação de toda a Igreja quer se
abrir a esta mudança, deixar-se guiar pela ação do Espírito Santo que comunica em
cada um de nós a presença viva do Cristo Ressuscitado. Queremos buscar a excelência
em todas as formas e meios de comunicação, com o objetivo de evangelizar com renovado
ardor missionário. Esta é a nossa missão, que nestes dias, aqui no Rio de Janeiro,
bispos provenientes de todo o Brasil participam do SECOBB, e na próxima semana haverá
a oportunidade de milhares de pessoas interessadas em construir juntos a comunicação
participarem do Muticom.
Que todos nós possamos continuar comunicando com
renovado ardor a Palavra da Vida!
† Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo
Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ