REFLEXÃO DE PE. CESAR AUGUSTO PARA O XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM
Cidade do Vaticano,
17 jul (RV) - A demora na realização das promessas de Deus possibilita aos discípulos
e a nós, entrarmos em crise. Percebendo essa situação, Jesus conta para eles e para
nós, a parábola das sementes.
A Palavra de Deus é, em si mesma, boa e, se bem
apresentada, produzirá muitos frutos; mas isso não depende só da Palavra; depende
também das diversas situações em que se encontra o terreno onde ela é depositada,
isto é, das diversas respostas. A Palavra é oferecida e exatamente por ser oferecida,
conserva em si todo o risco da negligência, do descaso, da não aceitação, da oposição.
De
acordo com a parábola, ela poderá ser comida pelos pássaros, poderá cair entre as
pedras e não criar raízes e, finalmente, poderá cair entre os espinhos e morrer sufocada.
Vamos refletir sobre cada um desses alertas feitos por Jesus. O primeiro se refere
à semente que pode ser ciscada pelos pássaros. É o nosso medo do sofrimento, em relação
ao caminho da cruz, tantas vezes abordado por Jesus e a busca incessante de realizações,
de êxito. É como aquela pessoa que vê na possibilidade de exercer um serviço eclesial,
como uma ocasião de prestígio, de ter status.
A semente que caiu entre as pedras
e não criou raízes, representa aqueles que só externamente aceitaram a Palavra. Ela
não foi aceita com profundidade. Teme-se que a adesão a Cristo seja ocasião de constrangimento,
de envergonhar-se.
A que caiu entre os espinhos é a semente sufocada, imagem
de muitíssimos cristãos. As preocupações da vida presente, a atração exercida pelo
ter, pelo poder, pelo possuir, pelo ganhar se impõem, são obstáculos para o acolhimento
da Palavra.
A Palavra não é ineficaz, mas falta o acolhimento. A Palavra se
adapta às condições do terreno, ou melhor, aceita as respostas que o terreno dá e
que com freqüência são negativas. É necessário preparar o terreno, os corações, para
que percam o endurecimento causado pelos ídolos das ideologias, do consumismo, do
dinheiro, do prazer, das demais riquezas.
Se o terreno, se os corações forem
trabalhados pela simplicidade, pela autenticidade, pela educação libertadora daqueles
ídolos, a Palavra descerá qual chuva fina, penetrando a terra e fazendo a semente
frutificar. (CAS)