EDITORIAL PE. LOMBARDI: "NÃO ESQUEÇAMOS A SOMÁLIA"
Cidade do Vaticano, 15 jul (RV) – O diretor da Rádio Vaticano,
Padre Federico Lombardi, faz uma reflexão sobre a dramática situação humanitária que
atinge milhões de somalis. O editorial vai ao ar no Centro Televisivo Vaticano, no
informativo semanal Octava Dies.
“A seca que
atinge a região do Chifre da África criou uma situação dramática de emergência humanitária
em que a população somali é a principal vítima. Fome e sede movem um número incontável
de pessoas a uma desesperada procura por ajuda, em fuga aos países vizinhos, nos quais,
todos os dias, cerca de duas mil pessoas chegam aos campos de refugiados. Se fala
em extenuantes marchas a pé sob a ameaça de ataques dos predadores, e de crianças
atacadas até mesmo por ienas.
Em julho de 1989, Dom Salvatore Colombo, Bispo
de Mogadíscio, viria a ser assassinado em frente à porta da catedral. Desde então,
o administrador apostólico da diocese mora fora do país. Em 2003, a enfermeira voluntária
Annalena Tonelli também fora assassinada com tiros de fuzil na “Somalialândia”, depois
seria a vez da irmã Leonella Sgorbati, morta – como recordou o Papa em 7 de janeiro
de 2007 - “invocando o perdão para seus assassinos”. São apenas três nomes, para
dizer que a Igreja católica está presente e sofre com o povo somali, mas as vítimas
inocentes já são incalculáveis. Isso também entre as outras confissões cristãs por
causa do ódio integralista, sem contar as vítimas da população desamparada pela luta
armada entre as facções políticas e étnicas. Há vinte anos a Somália não tem governo,
nas águas territorias predomina a pirataria. Muitos que fazem trabalhos humanitários
tiveram que abandonar seus compromissos por causa da violência e das ameaças que sofrem.
Mesmo que o Papa recorde a Somália todos os anos em seu discurso aos diplomatas,
existe a sensação de que a opinião pública mundial e a comunidade internacional se
resignaram e abandoram à Somália a própria sorte. Nós também procuramos abandona-la,
ou as imagens horríveis e os apelos angustiantes destes dias conseguiram reacender
o nosso senso de responsabilidade e de solidariedade? (RB)