Cidade
do Vaticano, 10 jul (RV) - A demora na realização das promessas de Deus possibilita
aos discípulos e a nós, entrarmos em crise. Percebendo essa situação, Jesus conta
para eles e para nós, a parábola das sementes.
A Palavra de Deus é, em si mesma,
boa e, se bem apresentada, produzirá muitos frutos; mas isso não depende só da Palavra;
depende também das diversas situações em que se encontra o terreno onde ela é depositada,
isto é, das diversas respostas.
A Palavra é oferecida e exatamente por ser
oferecida, conserva em si todo o risco da negligência, do descaso, da não aceitação,
da oposição. De acordo com a parábola, ela poderá ser comida pelos pássaros, poderá
cair entre as pedras e não criar raízes e, finalmente, poderá cair entre os espinhos
e morrer sufocada.
Vamos refletir sobre cada um desses alertas feitos por Jesus.
O primeiro se refere à semente que pode ser ciscada pelos pássaros. É o nosso medo
do sofrimento, em relação ao caminho da cruz, tantas vezes abordado por Jesus e a
busca incessante de realizações, de êxito. É como aquela pessoa que vê na possibilidade
de exercer um serviço eclesial, como uma ocasião de prestígio, de ter status.
A
semente que caiu entre as pedras e não criou raízes, representa aqueles que só externamente
aceitaram a Palavra. Ela não foi aceita com profundidade. Teme-se que a adesão a Cristo
seja ocasião de constrangimento, de envergonhar-se.
A que caiu entre os espinhos
é a semente sufocada, imagem de muitíssimos cristãos. As preocupações da vida presente,
a atração exercida pelo ter, pelo poder, pelo possuir, pelo ganhar se impõem, são
obstáculos para o acolhimento da Palavra.
A Palavra não é ineficaz, mas falta
o acolhimento. A Palavra se adapta às condições do terreno, ou melhor, aceita as respostas
que o terreno dá e que com freqüência são negativas. É necessário preparar o terreno,
os corações, para que percam o endurecimento causado pelos ídolos das ideologias,
do consumismo, do dinheiro, do prazer, das demais riquezas.
Se o terreno, se
os corações forem trabalhados pela simplicidade, pela autenticidade, pela educação
libertadora daqueles ídolos, a Palavra descerá qual chuva fina, penetrando a terra
e fazendo a semente frutificar. (CAS)