Cidade do Vaticano,
09 jul (RV) - Em sua fala no Angelus de Domingo passado, o Santo Padre quando
comunicou aos fiéis reunidos na Praça São Pedro, que nesta semana iria em descanso
de férias a Castel Gandolfo, aproveitou a ocasião para dar um recado de pai e de pastor.
Disse Bento XVI ao seu rebanho que o tempo de férias é necessário não apenas
para o repouso físico, para estar com a família e com os amigos, mas também para repousar
em Deus, para um tempo especial de conversa com o Senhor. Em um tom carinhoso, paternal,
o Papa recomendou a todos que não se esquecessem de colocar o Evangelho na bagagem
de férias.
Realmente, se o ser humano é criado para Deus, para as coisas do
Alto, nada mais lógico que busque nessa ocasião de especial descanso, não apenas
reabastecer as energias físicas, mas cuidar da dimensãoafetiva e também espiritual,
que além de ser transcendente, deveria fazer parte da afetividade. Não nos esqueçamos,
Deus é nosso Pai. Criou-nos por amor e cuida de nós: “Senhor, que é o homem para dele
assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho?” – pergunta-se o salmista (cfr.
Sl 8).
O ócio (que não significa, necessariamente, não fazer nada) não é negativo,
mas é fundamental para aqueles que desejam produzir coisas que perdurem, que satisfaçam
as necessidades de todos. E por vezes pode ser momento rico de intuições. Basta lembrar,
por exemplo, que foi exatamente quando não trabalhava, mas se relaxava com um banho,
que o matemático, engenheiro, físico e inventor greco-antigo Arquimedes de Siracusa
(Séc. III a.C), descobriu – ao ver a água que transbordava de sua “banheira” ao ter
nela entrado e percebido o impulso hidrostático – o princípio do qual derivou a lei
sobre o peso específico dos corpos. A surpresa e alegria foram tanta que, segundo
narra a história, Arquimedes teria saído correndo nu pela rua gritando “eureka!”,
que, em grego antigo, significa “encontrei”.
Uma mente que trabalhou durante
o ano, que amou e nem sempre pode se conscientizar onde estava o centro de seus afetos,
que sabe ter se desviado do norte para onde desejava orientar sua vida, precisa de
um tempo para reoordenar sua vida e será excelente se houver um confronto com aquele
que o criou como ele é, que colocou as leis internas que regulam seu ser.
Assim
pode ser para cada um de nós, mergulhado nos afazeres do dia a dia. Evidentemente,
esse confronto será frutuoso se for vivido à luz do Evangelho. (CAS)