Cidade do Vaticano, 07 jul (RV) - O Evangelho do décimo-quinto domingo do tempo
comum nos convida a refletir sobre a força da Palavra de Deus.
Sabemos que
o projeto do Pai é liberdade e vida para todos. E a Palavra é a ferramenta mais importante
para chegarmos à realização desse projeto. Ela tem poder de libertar dos mecanismos
de opressão, conduzindo as comunidades para fora, porque é a Palavra quem mostra quem
é Deus. Ela, manifestada plenamente em Jesus, provoca as pessoas à decisão: a favor
ou contra. Posicionando-se a favor, as pessoas vencem os riscos e superam os conflitos,
fazendo crescer o Reino, que é tensão constante em direção ao mundo novo.
Jesus
nos revela, em parábolas, sua história e também a nossa. O verdadeiro modelo de discípulo
é aquele que ouve a Palavra, entende-a e a põe em prática, produzindo frutos. Na parábola
do semeador, Jesus quer por de lado o cristianismo superficial, que consiste meramente
em ouvir e aceitar seus ensinamentos de modo teórico. Ele quer conduzir-nos a um cristianismo
profundamente arraigado, capaz de frutificar.
Ele quer que sejamos a boa terra
semeada por sua palavra e nos tornemos também os responsáveis e os produtores dos
frutos do Reino.
Deus criou todas as pessoas com amor e por amor as salva e
sustenta na vida. Podemos passar a vida inteira iludidos com nossas visões limitadas
e pessoais.
Um dos efeitos da Palavra de Deus, ouvida e acolhida, é a alegria
que nasce da fé, da certeza do Amor de Deus por nós, que se revela continuamente na
pessoa e na obra de Jesus Cristo.
Para nós, cristãos, um genuíno contato com
a Palavra de Jesus e com a sua pessoa é um privilégio, uma graça e também uma grande
responsabilidade.
Por causa da nossa fé, podemos ver e ouvir o que os apóstolos
ouviram e viram, embora de uma forma sacramental, igualmente válida.
Nosso
coração poderá ser terra boa, fértil ou pedregosa. Tudo depende de cada um de nós.
A terra boa de cada coração é aquela que está cheia de amor. Com o amor, abastecemos
nosso coração, da mesma forma que o lavrador ara e aduba o terreno, para que seja
uma boa terra.
Dom Eurico dos Santos Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de
Fora - MG