Cardeal-patriarca de Lisboa emite esclarecimento sobre o tema da ordenação de mulheres.
D. José Policarpo diz que entrevista recente deu azo a «indignação», mas reafirma
«comunhão» com a Igreja
(6/7/2011) O cardeal-patriarca de Lisboa emitiu hoje um “esclarecimento” às suas
declarações à revista da Ordem dos Advogados sobre a ordenação sacerdotal de mulheres,
convidando a “a acatar o Magistério” da Igreja Católica, que reserva o sacerdócio
aos homens. D. José Policarpo admite que as reações à entrevista, na qual disse
que “teologicamente não há nenhum obstáculo fundamental” à ordenação feminina (ver
notícia relacionada), o obrigaram a “olhar para o tema com mais cuidado”. “Verifiquei
que, sobretudo por não ter tido na devida conta as últimas declarações do Magistério
sobre o tema, dei azo a essas reações”, admite, falando mesmo em “indignação” por
parte de algumas pessoas O patriarca de Lisboa cita o texto do Papa João Paulo
II, na Carta Apostólica ‘Ordinatio Sacerdotalis’, no qual se pode ler: “Declaro que
a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres
e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja”. “O
não conferir a mulheres o sacerdócio apostólico, através da ordenação sacerdotal,
é uma tradição que radica no Novo Testamento, no próprio Jesus Cristo e na maneira
como lançou as bases da sua Igreja”, explica D. José Policarpo. O cardeal-patriarca
considera que “a questão da ordenação de mulheres para o ministério do sacerdócio
apostólico surge recentemente, sobretudo nos países ocidentais e explica-se por fatores
diversos”, como “os movimentos de promoção da mulher” ou a “compreensão do sacerdócio
ministerial como um direito e um poder”, entre outros. Este responsável sublinha
que “a diferença de ministério não diminui a dignidade da missão” para as mulheres
e que a impossibilidade de ordenação sacerdotal “não significa uma minimização da
mulher, mas a busca daquela complementaridade entre masculino e feminino, plenamente
realizada na relação de Cristo com Maria”. “Somos, assim, convidados a acatar o
Magistério do Santo Padre, na humildade da nossa fé e continuarmos a aprofundar a
relação do sacerdócio ministerial com a qualidade sacerdotal de todo o Povo de Deus
e a descobrir a maneira feminina de construir a Igreja, no papel decisivo da missão
das nossas irmãs mulheres”, indica. D. José Policarpo diz que lhe seria “doloroso”
gerar confusão na “adesão à Igreja e à palavra do Santo Padre”. “Creio que vos
tenho mostrado bem que a comunhão com o Santo Padre é uma atitude absoluta no exercício
do meu ministério”, conclui, endereçando-se diretamente aos católicos da diocese de
Lisboa. ( Em Ecclesia)