Santa Sé e Cidade-Estado do Vaticano apresentaram contas de 2010 com resultado positivo
(3/7/2011) A Santa Sé revelou neste sábado que as suas contas de 2010 registaram
um resultado positivo de quase 10 milhões de euros, enquanto que a Cidade-Estado do
Vaticano teve um proveito de 21 milhões. A diferença entre os 245 milhões de euros
que entraram e os 235 que saíram dos cofres da Santa Sé representa uma melhoria face
a 2009, ano em que se registou um défice de 12 milhões. O balanço de 2010 acentua
“a tendência positiva evidenciada no exercício de 2009, que, por sua vez, já absorvia
os efeitos negativos derivados da forte crise financeira de 2008”, refere a nota de
imprensa da Santa Sé, que recorda os “elementos de incerteza e instabilidade que a
situação económico-financeira mundial ainda apresenta”. Os custos devem-se “na
maior parte às despesas ordinárias e extraordinárias” dos organismos do Vaticano,
indica o comunicado, adiantando que a 31 de dezembro de 2010 havia 2806 empregados
dependentes da Santa Sé, mais 44 do que na mesma data do ano anterior. Por seu
lado, a Cidade-Estado do Vaticano fechou o ano com um saldo positivo de 21 milhões,
resultado que se deve sobretudo ao crescimento do número de visitantes dos museus,
“em contraciclo à crise do setor turístico mundial”, bem como à “recuperação dos mercados
financeiros”. A nota de imprensa sublinha que o governo da Cidade-Estado do Vaticano
tem uma administração “independente dos contributos provenientes da Santa Sé ou de
outras Instituições, e provê autonomamente às exigências económicas e à gestão territorial”,
fornecendo as “estruturas de apoio à Sé Apostólica”. O texto realça o “empenho”
da administração na “manutenção e conservação daquele que, com razão, pode ser considerado
um dos mais importantes patrimónios histórico-artísticos da humanidade”, referindo
ainda que a Cidade-Estado tinha 1876 trabalhadores no último dia de 2010, menos 15
do que a 31 de dezembro de 2009. Depois de indicar que os balanços foram, “como
habitualmente”, submetidos a “verificação e certificação”, a Santa Sé informa que
as doações relativas ao “Óbolo de São Pedro” em 2010 ultrapassaram os 67 milhões de
dólares norte-americanos (USD), verba menor do que a reunida no ano anterior. O
fundo é constituído pelo conjunto de ofertas entregues ao Papa pelas Igrejas particulares,
comunidades religiosas, fundações e fiéis em nome individual, sobretudo durante a
festa de São Pedro e São Paulo, que a Igreja Católica assinala a 29 de junho. Os
membros do Conselho de Cardeais para o Estudo dos Problemas Organizativos e Económicos
da Santa Sé, reunidos quinta e sexta-feira no Vaticano para aprovar as contas de 2010,
agradeceram às instituições e particulares que apoiaram "a solicitude pastoral e caritativa
do Santo Padre, sobretudo em situações de calamidade e emergência em várias partes
do mundo”. A contribuição dos bispos para a Santa Sé, que deve ser feita de acordo
com as possibilidades das dioceses, rendeu em 2010 cerca de 27 milhões de euros, um
decréscimo comparativamente a 2009. O Instituto para as Obras Religiosas, entidade
do Vaticano cujo estatuto se assemelha ao de um banco e que tem por objetivos o apostolado
religioso e caritativo, além da administração dos bens das instituições católicas,
doou 55 milhões de euros ao Papa, informa a nota de imprensa.