2011-06-29 19:58:40

SANTA SÉ À AIEA: FUKUSHIMA ENSINA QUE QUESTÃO NUCLEAR PRECISA DE UMA "CULTURA DA INCOLUMIDADE"


Viena, 29 jun (RV) - O desenvolvimento da tecnologia nuclear precisa do desenvolvimento paralelo de uma "cultura de segurança e incolumidade", não somente entre os que se ocupam da matéria, mas também "na consciência pública em geral".

Foi o que afirmou o representante vaticano em pronunciamento – em nome do Secretário das Relações com os Estados, Dom Dominique Mamberti – na Conferência ministerial da Eiea, a Agência internacional de energia atômica, realizada dias atrás em Viena, na Áustria.

O espectro da catástrofe da usina japonesa de Fukushima influenciou os participantes da recente Conferência da Aiea – ditando a agenda dos trabalhos – e, em particular, a reflexão do representante vaticano, que evidenciou o parecer da Santa Sé sobre o que definiu como sendo "um problema global".

A crise desencadeada em Fukushima pelo sismo e pelo tsunami e, sobretudo, as suas dramáticas conseqüências, devido a contaminação radioativa de pessoas, animais, água e terra requer – afirmou o expoente vaticano – que as autoridades empenhadas na crise nuclear no Japão ajam com a "máxima transparência" e "em estreita colaboração com a Aiea".

Todavia, o desastre suscita numerosas interrogações, prosseguiu. "É legítimo construir ou conservar reatores nucleares operativos em territórios que são expostos a graves riscos sísmicos?" – perguntou-se. E, ainda: "A tecnologia de fusão nuclear ou a construção de novas usinas atômicas ou a atividade constante das existentes excluem o erro humano em suas fases de elaboração, de funcionamento normal ou de emergência?"

Ademais, há a questão do desmantelamento dos reatores nucleares obsoletos, que suscita ulteriores interrogações: o que se fará com o material nuclear? O que e quem será sacrificado? O problema do que se fazer com o lixo radioativo é simplesmente colocado nas costas das futuras gerações? Os Estados estão dispostos a adotarem novos níveis de segurança e incolumidade?

Sendo assim, quem os supervisionará? Trata-se de perguntas cruciais das quais nasce uma consideração inevitável, isto é, que "sem transparência, segurança e incolumidade não se pode prosseguir com diligências", observou com realismo o delegado pontifício. Mesmo porque – acrescentou – "um risco nuclear zero em nível mundial é impossível, considerando que existem ainda armas nucleares e centrais nucleares ativas que devem ser geridas".

O representante vaticano convidou os Estados e governos a estudarem políticas de intervenção não somente em nível técnico, mas também "cultural e ético". Portanto – enfatizou –, para a Santa Sé são absolutamente necessários "programas de segurança e incolumidade tanto no setor nuclear quanto na consciência pública em geral".

"A segurança depende do Estado, mas, sobretudo, do sentido de responsabilidade de cada pessoa" – ponderou. (RL)







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