Cidade
do Vaticano, 25 jun (RV) - A semana que hoje se encerra, ao lado do mês de junho,
nos deu uma visão clara de como a dimensão da fé é integrante no ser humano em sua
totalidade.
Inúmeros eventos mostraram que o Homem age porque acredita em algo
superior a ele mesmo e é sua necessidade absoluta manifestar essa sua fé. Por ela
se sacrifica e muitas vezes até a morte. Algo superior dá sentido à sua vida e o faz
enfocar para além de si mesmo, para além do que vê.
Como ícone desta semana,
olhando para o passado, vemos Tomás Morus, o grande intelectual inglês e homem de
governo, Chanceler da Inglaterra, autor da famosa “Utopia”, que apesar de sua grande
fidelidade a Henrique VIII, foi, antes de tudo, fiel a Deus.
Para o presente
temos a nova proposta de lei, no Egito, favorecendo a construção de igrejas. Apesar
das tradicionais dificuldades do passado, a fé permaneceu intacta e as superou.
Também
a fé exercida no campo social, como deve ser, está lutando contra a fome de milhares
de pessoas – estima-se 925 milhões. Líderes anglicanos enviaram uma carta aos ministros
da agricultura reunidos em Paris para a reunião do G-20, solictando “férreo controle
sobre a especulação com os preços dos alimentos”.
Ao mesmo tempo, pessoas tiveram
e têm neste mês a oportunidade de manifestar sua fé em modos os mais variados. Da
fé ingênua de atribuir a Santo Antônio interferências na vida amorosa das pessoas,
passando pelo aspecto assistencial com a distribuição do “pão dos pobres” no dia do
“santo casamenteiro”, unindo fé e folcore nas noites de São João e de São Pedro.
Ainda
em junho temos o “Dia de Anchieta”, o Apóstolo do Brasil. Neste ano, como já se faz
há anos, uma associção leiga – ABAPA – promove a 14ª edição da caminhada “Nos Passos
de Anchieta”, um roteiro que refaz a caminhada do Beato Pe. Anchieta, em solo capixaba.
Espera-se cerca de 4000 participantes. O roteiro propõe, nesses quatro dias, momentos
de contemplação da natureza, conhecimentos de fatos históricos, manifestações culturais
e, evidentemente, a oportunidade de crescer na fé principalmente através de duas celebrações
eucarísticas.
Coroando essas manifestações de fé, sempre agraciando, como deve
ser, os vários níveis de vivência religiosa, temos a festa de Corpus Christi. A missa
já expressa em si mesma não apenas a fidelidade litúrgica ao que se celebra, mas através
dos gestos e demais participações populares, a cultura e as tradições da assembléia.
Isso terá sua expressão mais livre na procissão com o Santísimo Sacramento, onde a
criatividade artesanal brinda a todos – desde ao Redentor, o centro da solenidade,
como aos seus fiéis - com tapetes de flores, com serragem e outros materiais que a
natureza nos oferece. Além disso, as famílias expressam sua fé e alegria pela passagem
do Santíssimo, estendendo toalhas e colchas em suas janelas, ornamentando com flores
e velas acesas a fachada e a calçada das residências.
Consciente dessa riqueza
que é a fé das pessoas, mesmo que não seja uma fé burilada, mas mesclada com supertições
e outras interferências, a Igreja sabe que essa fé corre o perigo de se perder, não
de ser extinta, mas de ser confundida pela sociedade pós moderna. Em vista dessa
situação e de outras, prossegue não apenas na Santa Sé, mas em toda as dioceses, o
trabalho pela Nova Evangelização, já prenuciada pelo Concílio Vaticano II com o Decreto
“Ad gentes”, aquele que versa sobre a atividade missionária da Igreja, ou seja, colaborar
na transformação deste mundo, instaurando o Reino de Justiça e de Paz. (CAS)