Eucaristia e Nova evangelização: a homilia do Patriarca de Lisboa na festa do Corpo
de Deus
23/6/2011) Na homilia da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, o cardeal
Patriarca de Lisboa falou sobre a relação que há entre a Eucaristia e a Nova Evangelização. A
comunhão no Corpo de Cristo introduz-nos na experiência da caridade, que é participação
no amor divino. A Eucaristia é o sacramento da caridade – salientou D. José Policarpo
acrescentando que a evangelização é uma exigência da caridade Ela é o prolongamento,
na missão da Igreja, do amor salvífico de Jesus. É a sua missão que continua e que
supõe o mesmo ardor da caridade. E a Eucaristia é a fonte desse ardor da caridade
que nos leva, no amor de Jesus Cristo e por amor aos homens nossos irmãos, a anunciar
Jesus Cristo. Já na sua Carta Encíclica “Ecclesia de Eucharistia”, João Paulo
II tinha sublinhado a relação necessária entre a Eucaristia e a evangelização: “Unindo-se
a Cristo, o povo da nova aliança não se fecha em si mesmo; pelo contrário, torna-se
«sacramento» para a humanidade, sinal e instrumento da salvação realizada por Cristo,
luz do mundo e sal da terra (cf. Mt 5,13-16) para a redenção de todos. A missão da
Igreja está em continuidade com a de Cristo: «Assim como o Pai Me enviou, também Eu
vos envio a vós» (Jo 20,21). Por isso, a Igreja tira a força espiritual de que necessita
para levar a cabo a sua missão, da perpetuação do sacrifício da cruz na Eucaristia
e da comunhão do corpo e sangue de Cristo. Deste modo, a Eucaristia apresenta-se como
fonte e simultaneamente vértice de toda a evangelização, porque o seu fim é a comunhão
dos homens com Cristo e, n'Ele, com o Pai e com o Espírito Santo”2. 3. Só encontraremos
na Eucaristia o ardor e o zelo pela evangelização, se ela for para nós, sempre, de
maneira cada vez mais profunda, o sacramento do amor. Participamos, em união com Cristo,
da máxima expressão do seu amor pelos homens, a oferta da própria vida; e depois,
Ele fica connosco, à espera de uma relação pessoal de amor, insondável, com a qualidade
da sua relação pessoal com cada um de nós. Nessa relação adorante, toda a nossa vida
ganha sentido, adquire um sentido novo que pode ir até ao dom, dom da própria vida,
para que o Reino de Deus aconteça. Ao longo de 2000 anos, milhares de homens e mulheres
ofereceram a sua vida na missão, e essa capacidade de dom receberam-na na Eucaristia.
A adoração eucarística faz-nos entrar na intimidade de Cristo, na sua oferta, que
continua, e faz crescer em nós a cumplicidade com Ele na paixão pela salvação do mundo.
Também a isso se referia Cipriano de Cartago ao afirmar que a Eucaristia faz a Igreja.
Na acção evangelizadora, a vida de quem anuncia deve ter a força de um testemunho
- salientou depois o Patriarca de Lisboa, recordando que o próprio Jesus, testemunha
com a vida a verdade que anuncia. Ele veio para dar testemunho da verdade (cf. Jo.
18,37): Ele é a testemunha fiel e verdadeira (cf. Apc. 1,5; 3,14). Na Eucaristia a
vida do cristão, em união à de Cristo, torna-se testemunho daquilo que anuncia em
nome de Cristo e da Igreja. E a concluir a sua homilia Solenidade do Santíssimo
Corpo e Sangue de Cristo, D. José Policarpo citou o Papa Bento XVI: “A missão
primeira e fundamental, que deriva dos santos mistérios celebrados, é dar testemunho
com a nossa vida. O enlevo pelo dom que Deus nos concedeu em Cristo, imprime à nossa
existência um dinamismo novo que nos compromete a ser testemunhas do seu amor. Tornamo-nos
testemunhas quando, através das nossas acções, palavras e modo de ser, é Outro quem
aparece e Se comunica. Pode-se afirmar que o testemunho é o meio pelo qual a verdade
do amor de Deus alcança o homem na história, convidando-o a acolher livremente esta
novidade radical”.