Cidade do Vaticano, 22 jun (RV) – Os patriarcas e bispos das Igrejas do Oriente
Médio e do Norte da África estão seriamente preocupados pelo que pode ainda acontecer
em seus países, pois a revolução, por onde passou, deixou perspectivas bastante incertas.
As maiores incógnitas, segundo Dom Antoine Audo, bispo de Aleppo dos Caldeus,
dizem respeito à Síria. Ele se diz angustiado porque o risco de o país se tornar um
novo Iraque é real: “A questão síria é complexa porque há 50 anos vige um regime militar,
condicionado pela ideologia do socialismo soviético, e agora, diante das mudanças,
é preciso saber como dialogar. É este o nosso problema hoje” – afirma.
O Cardeal
Antonios Naguib, patriarca de Alexandria do Egito, também se diz preocupado, enquanto
o Arcebispo de Argel, Dom Bader Ghaleb Mmoussa, está mais otimista: “Qualquer coisa
aconteça, 2011 vai ficar na história da África e do Oriente Médio como o ano das reviravoltas,
porque nada será como antes".
O Bispo de Tunis, Dom Maroun Lahham, não poupa
criticas à Itália e à Europa: “Racismo é uma palavra forte, mas sem dúvidas na Itália
existe preconceito contra os norte-africanos. Se os refugiados fossem poloneses, as
coisas não estariam assim.
“Nestes dias, fala-se de nós: positivamente pela
transição democrática; e negativamente por causa da imigração, que é um de seus resultados.
O fenômeno deve ser lido de uma perspectiva humana, na esperança que a passagem tenha
um bom êxito, pois seria a primeira vez que um país árabe-muçulmano teria um regime
democrático. Isso pode abrir novos horizontes, seja para a presença como para o trabalho
da Igreja na Tunísia”. (CM)