Cidade do Vaticano, 20 jun (RV) - O mundo recorda hoje o Dia Mundial do Refugiado,
instituído em 2000 pela Assembleia Geral da ONU em solidariedade à África, continente
que abriga o maior número de refugiados e que, tradicionalmente, já celebrava o Dia
Africano do Refugiado nesta data.
É também a ocasião para aumentar a consciência
da sociedade sobre a problemática dos homens e mulheres deslocados por guerras e conflitos
armados ou perseguidos por motivo de religião, nacionalidade, raça, grupo social e
opinião política.
Segundo um relatório do Acnur (Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados), a ser publicado hoje, o número de refugiados, solicitantes
de asilo e deslocados não para de aumentar no mundo, e chegou a 44 milhões de pessoas
em 2010. O dado curioso é que, ao contrário do previsto, 80% delas se encontram hoje
nos países em desenvolvimento, Cerca de 16 milhões em todo o mundo - mais de um
quarto da população de refugiados - encontra-se apenas em três países: Paquistão,
Irã e Síria.
Nestas estimativas, não estão incluídos os números referentes
à onda de deslocados na sequência dos conflitos no norte da África. A maior parte
deles busca refúgio em países vizinhos e poucos chegam à Europa, depois de longas
e precárias travessias em balsas.
Ontem, o Alto-Comissário para os Refugiados,
António Guterres, visitou na ilha de Lampedusa um grupo de refugiados que recentemente
deixaram a Tunísia e a Líbia.
Numa mesa-redonda com representantes de organizações
não-governamentais, Guterres lembrou que a crise política na Líbia motivou a fuga
de um milhão de cidadãos e que apenas 2% desse montante desembarcaram na Europa. O
representante da ONU pediu a abertura das fronteiras dos países europeus aos refugiados.
O Brasil assinala o Dia Mundial do Refugiado através da realização de diversas
atividades. A Campanha “Calce os sapatos dos refugiados” é uma delas.
A iniciativa
promove a tolerância e a integração dos refugiados e de outras populações, sob a orientação
do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). O objetivo é sensibilizar
a população a sentir na pele a vida de um refugiado, tomando consciência de seus problemas.
Em várias cidades brasileiras, alguns refugiados vão confeccionar pratos típicos,
outros farão apresentações artísticas: uma oportunidade para interagir com o público.
Em
2009, no Brasil, existiam 4.239 refugiados provenientes de 75 países diferentes. O
Brasil é internacionalmente reconhecido como acolhedor. Em novembro de 2005, Antonio
Guterres realçou essa faceta, considerando-o “um país de asilo e exemplo de comportamento
generoso e solidário”. O país tem desenvolvido inúmeras iniciativas com o objetivo
de integrar os refugiados na sociedade. Empregá-los e torná-los economicamente autônomos
são as maiores preocupações.
Dos países industrializados, a Alemanha é o que
acolhe a maior população de refugiados, com pouco menos de 600 mil. (CM)