Cidade
do Vaticano, 18 jun (RV) - O Sudão do Sul se tornará oficialmente independente
no próximo dia 9 de julho. Nasce o 193º país do mundo, mas o surgimento desta nova
nação não esconde os problemas ligados ao seu nascimento.
Os cidadãos desse
novo país africano enfrentam a grave falta de infra-estrutura e serviços de base,
com um alto índice de pobreza e subdesenvolvimento. Atualmente, metade da população
vive em condições de extrema pobreza e os índices de alfabetização são inferiores
a 36%.
Seis anos depois do acordo de paz que pôs fim à guerra civil entre
o Exército do Sudão e rebeldes sulistas do SPLA (Exército Popular de Libertação do
Sudão), sudaneses de raça negra e de religião cristã ou animista celebraram no último
dia 9 de janeiro o referendo que altera o mapa mundo. Os habitantes do sul do Sudão,
uma região do tamanho de Minas Gerais, escolheram a independência. A região gozava
de autonomia desde os acordos de 2005, que encerraram uma guerra que durou 22 anos
e deixou 2 milhões de mortos. “Estamos votando pelo resto de nossas vidas”, disse
um cidadão no dia da votação.
O triste cenário desta nova nação. O Sudão do
Sul tem mais de 50% da população que vive com menos de 1 dólar por dia, e a infraestrutura
é quase inexistente. A região conta com enormes reservas de petróleo, que até o momento
têm sido repartidas com o governo central. Este, contudo, pode se tornar um problema.
A Igreja Católica desempenhou um papel importante na preparação do Sul do
Sudão para o Referendo. O púlpito se tornou um local de formação sobre os acordos
de paz e os processos de votação. Os "101 dias de oração", iniciados pelos bispos
foram cruciais para a disposição pacífica dos corações e mentes e a obtenção de um
resultado sem violência, nesse dia histórico.
Com a sua pátria agora livre
da guerra, os cristãos que viveram anos em abrigos temporários e nos campos de refugiados
de Cartum estão agora retornando ao sul para iniciar uma nova vida.
A Igreja
Católica, que sempre esteve ao lado dos oprimidos ao longo dos tempos sombrios da
guerra, passará agora a uma mudança na sua missão e se concentrará na construção de
uma comunidade forte de fiéis. A tarefa é grande, e os habitantes da região estão
contando com o apoio dos cristãos ao redor do mundo.
Não obstante os problemas,
a Igreja presente neste território está confiante e pronta para garantir uma presença
estimulante e responsável, e que ajude a escrever uma nova página da história desse
país.
A população do Sudão do Sul tem a oportunidade histórica de virar a página
e esquecer os anos de conflitos. (SP)