Cidade do Vaticano, 16 jun (RV) - Nesta quarta-feira foi comemorado o dia Mundial
do Refugiado. A data também traz a tona os 60 anos da Convenção de Genebra sobre o
reconhecimento do estatus de refugiado. Na Itália, a preocupação com esse tema cresceu
depois que milhares de refugiados do norte da África chegaram à costa italiana. Rafael
Belincanta traz os detalhes.
De acordo com
a agência da União Europeia para as Fronteiras, a Itália se tornou a principal porta
de entrada e imigrantes ilegais neste ano. Do total de 33 mil, 2/3 desembarcaram na
ilha de Lampedusa. IIka Laitinen, Diretor do Frontex, explica como os dados foram
levantados.
"Quando tiveram início os desembarques na ilha de Lampedusa, nós
começamos a monitorar a situação com mais cuidado, estendendo o trabalho de troca
de informações e repassando os dados aos países membros da União Europeia e outras
instituições. Por outro lado, fizemos patrulhas aéreas e no mar com especialistas
e talvez essa seja a parte mais concreta do nosso trabalho".
Somente nos três
primeiros meses deste ano, mais de 14 mil pessoas chegaram à Itália, mais especificamente
à Ilha de Lampedusa. 1.250 morreram durante a travessia do Mar Mediterrâneo. O último
desembarque aconteceu no sábado: 1.500 imigrantes, a maioria em fuga da Líbia, contudo
de nacionalidades principalmente de países sub-saharianos que viajaram em embarcações
precárias e lotadas. Para o Diretor do Centro Astalli, o Governo italiano demonstra
despreparo para acolher os imigrantes, e isso já começa a se refletir nas cidades,
onde é cada vez mais comum ver imigrantes sem auxílio vagando pelas ruas.
"Eles
não se integram porque não existe um sistema de acolhimento. O governo tem três mil
vagas que, obviamente, não são suficientes. Por isso, continuamos a ver esses imigrantes
pelas ruas das grandes cidades, como Roma. Apesar dos investimentos da Prefeitura
de Roma no acolhimento dos refugiados, muitos são deixados a própria sorte, e isso
só faz piorar esse sistema e essa é a nossa principal preocupação".
Franck
Tayodjo nem sempre pode conversar tranquilamente com a imprensa. Jornalista de Camarões,
ele também chegou à Italia como clandestino perseguido pelo governo de seu país.
Hoje ele é um refugiado reconhecido pelo Estado italiano e fala sobre os emigrantes
que saem do Norte da África. (RB)