Mossul, 15 jun (RV) - O assassinato de Arakan Yacob, um cristão ortodoxo, pai
de quatro filhos, ocorrido em 31 de maio em Mossul, aumentou o sentimento de desconfiança
entre os cristãos sobre a perspectiva de um futuro de paz no Iraque. Foi o que disse
o arcebispo caldeu de Erbil, Dom Bashar Warda, em uma entrevista, a associação caritativa
internacional “Ajuda à Igreja que Sofre”. O choque do assassinato - disse o arcebispo
-, levou alguns fiéis a pensar que “não há futuro para o seu país”.
Arakan
é a vítima mais recente de uma série de ataques contra cristãos no Iraque. Ele tinha
sido alvo de duas tentativas anteriores de sequestro, e na terceira vez, os criminosos
conseguiram seu intento, seqüestrando-o. Três semanas antes, outro jovem cristão,
de 29 anos, Ashur Yacob Issa, foi seqüestrado e assassinado depois que sua família
não conseguiu pagar o resgate de 100 mil dólares solicitado pelos sequestradores.
Dom Warda referiu que desde 2002 mais de 570 cristãos foram mortos em episódios
de violência ligados à religião ou à política. Entre 2006 e 2010, 17 sacerdotes iraquianos
e dois bispos foram sequestrados e espancados ou torturados por seus agressores. Entre
eles, um bispo, quatro padres e três subdiáconos foram assassinados.
Embora
muitos queiram emigrar, os países que fazem fronteira com o Iraque - Síria e Turquia
- estão vivendo situações de incerteza e crise. “Também a situação na vizinha Turquia,
não é tão boa”, disse o arcebispo, “e o que está ocorrendo na Síria, uma família que
pensa emigrar tem uma gama limitada de escolhas”.
O bispo tem repetidamente
falado sobre o sofrimento de seu povo em todo o mundo. Recentemente visitou o Reino
Unido e a Irlanda para o lançamento do relatório da “Ajuda à Igreja que Sofre” sobre
os cristãos perseguidos. Naquela ocasião, ele disse que, de acordo com as estatísticas,
dos anos 80 os cristãos no Iraque passaram de 1 milhão e 400 mil para cerca de 150
mil.
Ajuda à Igreja que Sofre fornece assistência de emergência aos refugiados
no Iraque, Jordânia e Turquia, alimento para os deslocados cristãos no norte iraquiano
e subsídios para os sacerdotes pobres e perseguidos, as religiosas e seminaristas.
(SP)