Cidade
do Vaticano, 12 jun (RV) - O Evangelho de João nos apresenta Jesus, na tarde do
Domingo de Páscoa, soprando o Espírito sobre seus discípulos, que estão reunidos no
Cenáculo a portas fechadas com medo dos judeus.
Colocar Jesus agindo na tarde
de Páscoa significa que Ressurreição e Pentecostes estão unidos. O Espírito vem quando
a Comunidade está reunida para celebrar a memória da morte e ressurreição de Jesus.
O
sopro de Jesus, dando o Espírito, nos recorda o sopro do Pai sobre o homem feito de
barro, dando-lhe a vida. Jesus sopra sobre a Comunidade dando-lhe Vida, criando a
Igreja.
Estar com as portas fechadas significa o bloqueio em que se encontram
para testemunhar Jesus Ressuscitado. É a presença do Espírito que leva à continuidade
da missão do Senhor, a instaurar a vitória da Vida. Medo é sinal de morte, por
isso eles, sem o Espírito estão amedrontados, ainda dominados pelo poder da morte. O
sopro de Jesus dá a Vida, dá o Espírito Santo que faz nova todas as coisas.
Essa
nova Humanidade forjada pela redenção, pela ressurreição de Jesus, porta o Espírito
do Senhor para continuar sua missão salvífica.
Evidentemente essa missão redentora
terá sua expressão no perdoar e no reter os pecados. Pecado é ir contra a liberdade
e a vida. Se existe o arrependimento e o propósito de mudança, existe o sinal da presença
do Espírito. Contudo, se existe a perseverança no erro, na opção pela morte, se torna
impossível perdoar – restituir a vida – já que a opção da própria pessoa foi a morte. Entendamos,
não é a Igreja que não perdoa, ela não tem essa missão, ao contrário, ela trabalha
o arrependimento favorecendo condições para isso, mas depende da pessoa abrir ou não
seu coração ao Espírito. Será o Espírito, que é o Espírito da Vida, que provocará
o arrependimento, que perdoará.
Peçamos ao Espírito Santo, o Espírto da Vida,
da União, do Amor, que venha sobre nós, sobre as pessoas que amamos, sobre todos e
recrie em nós o Homem segundo o Coração de Jesus, segundo os desejos de Deus. Assim,
a partir de onde vivemos, o mundo será outro, será verdadeiramente um mundo onde reina
a justiça e a paz. Não teremos medo de anunciar a Vida, de irmos contra a cultura
de morte que nos é imposta através do consumismo, da valorização do prestígio, do
ter, do levar vantagem e de tantas propostas que levam o Homem à escravidão e à morte.
Permitamos
ao Espírito nos renovar, acabar em nós aquilo que é caduco, voltado à finitude, nos
recriando como cidadãos livres!