2011-06-12 13:26:38

E RENOVAREIS A FACE DA TERRA


Rio de Janeiro, 12 jun (RV) - Chegamos ao final do tempo litúrgico da Páscoa! Foram cinquenta dias de celebrações que nos atualizaram a presença do Ressuscitado entre nós. Ao celebrarmos neste final de semana a festa do Espírito Santos somos chamados a pedir a Deus a renovação desse Dom para toda a Igreja e renovar o nosso entusiasmo na missão evangelizadora da Igreja. A Palavra de Deus ilumina nossos caminhos e nossa vida nesse dia que pedimos na sequência da missa que o Espírito de Deus, envie dos céus um raio de luz!
A primeira leitura dessa Solenidade retirada do segundo capítulo dos Atos dos Apóstolos, continua a narrativa do quadro anterior, em que São Lucas descreve a comunidade dos discípulos que se reuniram após a Ascensão de Jesus (Atos 1,12-14). Essa descrição é rica em detalhes: há um lugar, o da Última Ceia, existem os onze apóstolos, Maria, a Mãe do Senhor, e algumas mulheres. Esta comunidade se reúne no Cenáculo, na manhã da festa judaica do Pentecostes, em que foi a memória da aliança de Deus no Sinai (Êxodo 19). O antigo pacto, segundo o livro do Êxodo, foi descrito por uma manifestação terrível do Senhor Deus, pois caiu fogo, e todo o monte tremia (cf. Êx 19,18). O vento e o fogo, vamos encontrá-los no dia de Pentecostes no Novo Testamento, mas nenhum eco de terror. O fogo, que se manifesta através da linguagem, repousa sobre os discípulos, que "ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas" (Atos 2,4).
É em Pentecostes que a Igreja é constituída pelo poder do Espírito. É o Espírito de Cristo, que cria unidade na comunidade. De fato, a unidade do Espírito Santo, em amor gerador implementa a mútua aceitação da diversidade. Reunidos pelo Espírito, a Igreja é o Corpo Místico de Cristo. Na verdade, Aquele que "recolheu" Israel, formando a comunidade dos discípulos, o Galileu, constituído Senhor e Cristo, o Ressuscitado, que transformou a vida dos discípulos. A imagem do Corpo da Igreja de Cristo está fundada sobre o vínculo profundo com Cristo ressuscitado (1Cor 6,15-17, 10,17, 12,12 e 27, Rm 12,4). Segundo a reflexão paulina, expressa na Primeira Carta aos Coríntios, a idéia do corpo é para significar a relação dos membros da Igreja entre eles. Em Cristo, os membros têm um corpo real, mas cada um segundo o dom recebido do Espírito, no exercício do ministério que lhe foi confiado.
Mas, de que forma a Igreja apresenta-se na sua unidade, na história como povo de Deus, reunidos pelo Espírito? A Igreja é o Corpo de Cristo, enriquecido com os dons do Espírito em todos os seus membros e na qual todos são chamados para disponibilizará aos outros o dom recebido. Todos os batizados são chamados à responsabilidade, ou melhor a corresponsabilidade, pelo mesmo Espírito, para oferecer-se como um sacrifício agradável a Deus (Romanos 12,1). Só dessa forma, a Igreja, animada pelo Espírito, cresce na história compactada e articulada pelo amor da Trindade. Em Pentecostes, então, revela a união entre o Espírito e a Igreja, que é a interseção entre a diversidade e a unidade. A segunda leitura da Missa de Pentecostes - fala da harmonia dos diversos carismas na comunhão do Espírito Santo. Mas já no livro dos Atos, esta perspectiva é óbvia. No caso de Pentecostes, muitas línguas e culturas pertencem à Igreja, são parte essencial da fé, o que mostra que a Igreja sempre foi "católica”, ou seja, universal. A Igreja que nasceu em Pentecostes é a Igreja aberta e dirigida à universalidade. Está presente em todo o mundo. As comunidades particulares são as implementações da única Igreja de Cristo. Queridos irmãos, o Evangelho de João oferece uma palavra que se encaixa bem com o mistério da Igreja criada pelo Espírito: "A paz" (Jo 20,19). A expressão "A paz esteja convosco" (Jo 20,19), não é apenas um cumprimento e sim um dom que o Senhor faz a Igreja. A Comunidade do Espírito Santo, de acordo com os ensinamentos de seu mestre, deve ser sinal e instrumento da paz, um testemunho da vitória de Cristo sobre a morte (pecado), presença alegre do mundo.
Na Solenidade de Pentecostes, como Arcebispo desta amada Arquidiocese, terei a alegria de crismar muitos jovens que representam todas as paróquias desta Igreja na nossa Catedral de São Sebastião. É uma tradição da Igreja carioca que nesse domingo toda a Arquidiocese esteja representada na celebração solene da crisma em nossa Catedral Metropolitana de São Sebastião. E ao crismar esses jovens penso em todos os milhares que anualmente são crismados nas centenas de paróquias da Arquidiocese. Recebem o dom de Deus, o Espírito Santo, para a missão.Rezemos pelos nossos crismandos e crismados para que possam dar testemunho do Ressuscitado no mundo, como sal e luz na terra.
Como no dia de Pentecostes alimentemos a nossa fé com a oração assídua e comunitária, porque o Espírito de Cristo pode nos renovar e abrir nossos corações para o trabalho de salvação que é para todos e mas que supõe a nossa aceitação e acolhida: “sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele”. Que se renovem os nossos corações e peçamos que a “Igreja que espera e deseja recebam os sete dons” do Espírito Santo. “Enchei. Luz bendita, chama que crepita, o íntimo de nós”.

† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ










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