Campanha, 11 jun (RV) - No Sacramento da Crisma, a oração que o Bispo pronuncia
impondo as mãos sobre os crismandos, antes de crismá-los, é inspirada no texto de
Isaías 11, 2-3. Comentando esse texto, do qual provém o setenário dos dons carismáticos,
o Beato João Paulo II escreveu: “esse texto é importante para toda a pneumatologia
do Antigo Testamento, porque constitui como que uma ponte entre o conceito bíblico
do “espírito”, entendido primeiramente como “sopro carismático”, e o Espírito como
pessoa e como dom, dom para a pessoa. O Messias da estirpe de Davi é precisamente
essa pessoa, sobre a qual “pousará” o Espírito do Senhor”. O número 7, na Bíblia
tem o significado de plenitude, de infinito. São infinitos os dons do Espírito Santo,
agrupados em 7, pedagogicamente, São eles: SABEDORIA – A efusão do Espírito Santo
nos traz como dom a Sabedoria, que nos assiste e está ao nosso lado no caminho da
vida. O Espírito de Deus é o Mestre interior que torna sábio o coração dos simples
e o abre para acolher a Palavra de Jesus Cristo, Sabedoria do Pai; ENTENDIMENTO
– O entendimento é o dom do Espírito que mostra às nossas mentes a vontade de Deus.
Só pode conhecer o pensamento divino quem for guiado pelo Espírito de Cristo; CONSELHO
– O dom do conselho, que podemos expressar com os termos bíblicos de luz e de guia
espiritual, desabrocha para nós por meio da inesgotável fonte que é a Palavra de Deus; FORTALEZA
– A fortaleza é o dom divino que nos faz firmes na fé, fortalece-nos para resistir
ao mal, dá-nos a coragem de testemunhar Jesus Cristo crucificado e ressuscitado, com
palavras e obras; CIÊNCIA – Com o dom da ciência, o Espírito nos introduz no conhecimento
dos mistérios do Reino de Deus. Não se trata de conhecimento intelectual e, sim, de
experiência de Deus em Jesus Cristo; PIEDADE – O dom espiritual da piedade expressa
a atitude que guia as intenções e as obras, em relação a Deus e ao próximo, segundo
o pensamento divino; TEMOR DE DEUS – O temor de Deus, ou santo temor, é uma atitude
espiritual que não se reduz ao medo do homem diante da Transcendência e Santidade
divinas. Expressa, ao contrário a consciência de quem, sentindo-se amado, tocado por
Deus, não pode viver fora da lógica e das exigências da “Aliança”. Viver no temor
de Deus é reconhecer que Deus armou a sua tenda entre nós, mas permanecendo o Totalmente
outro. Só Deus é Deus, o homem é criatura definida pelo Criador, do qual depende a
sua felicidade. “Por isso, o princípio da sabedoria é temer ao Senhor”. (Eclo 1,12). Assim,
ao celebrarmos neste próximo domingo, a Solenidade de Pentecostes sejamos enamorados
dos dons do Espírito Santo para que nos conduza sempre mais à perfeição e a vivência
comunitária e eclesial de nossa fé. Padre Wagner Augusto Portugal Vigário
Judicial da Diocese da Campanha(MG)