Jales, 11 jun (RV) - A semana de orações pela unidade dos cristãos termina
neste domingo de Pentecostes. Mas com certeza ainda continuam os motivos de rezar
pela unidade dos cristãos. Pois estamos ainda muito longe do objetivo almejado, de
chegarmos a uma unidade essencial na mesma fé em Cristo, na legítima diversidade de
expressões eclesiais. De tal modo que se chegue a uma verdadeira reconciliação de
todos os cristãos, que resulte na acolhida mútua entre as denominações cristãs, formando
uma única Igreja, que cultive expressamente a unidade como condição essencial de legitimidade
cristã, e ao mesmo tempo estimule a manifestação da pluriforme graça de Deus.
Pois na expressão da fé cristã existe ao mesmo tempo a exigência do singular, em forma
de única Igreja, e a legítima pluralidade da manifestação da graça de Deus.
Conciliar o indispensável singular como o legítimo plural é o desafio que se propõe
o verdadeiro ecumenismo, que busca a reconciliação de todos os cristãos, como condição
indispensável para o cumprimento da missão recebida de Cristo, expressa por suas próprias
palavras: “que todos sejam um, para que o mundo creia”.
O despertar
da consciência ecumênica teve início entre os anglicanos. Seus missionários na África
se deram conta que a divisão entre os cristãos era um sério empecilho para a pregação
do Evangelho. Esta preocupação foi levada para a Conferência anglicana de Edimburgo,
em 1910, levando a Igreja Anglicana a assumir o compromisso de trabalhar pela unidade
dos cristãos. Desta decisão, foi tomando forma o atual movimento ecumênico.
Ele recebeu um grande impulso como a convocação, pela Igreja Católica, do Concílio
Ecumênico Vaticano II. A forte conotação ecumênica deste concílio se deu pelo fato
de ter sido anunciado num contexto claramente ecumênico. Pois foi lançado na conclusão
da “semana de orações pela unidade dos cristãos”, no dia 25 de janeiro de 1958. Desta
maneira, todo o impulso de renovação eclesial, desencadeado por este concílio, teve
uma clara conotação ecumênica.
A partir do Concílio, a Igreja Católica
assumiu o compromisso de buscar a unidade dos cristãos. Isto se constituiu num grande
reforço da causa ecumênica. Com a adesão da Igreja Católica ao ecumenismo, o próprio
Conselho Mundial das Igrejas Cristãs, constituído anteriormente, acabou recebendo
um novo impulso, como instância facilitadora de diversos diálogos suscitados.
Foram constituídas diversas comissões permanentes de diálogo entre algumas denominações
cristãs com a Igreja Católica. Entre elas, destaca-se o diálogo com os luteranos,
que chegou a um entendimento pleno em torno da questão fundamental levantada por Lutero,
sobre a justificação pela fé em Cristo. De tal modo que não existiriam mais impedimentos
teológicos a justificar a separação entre as duas Igrejas.
Ao mesmo
tempo, a nova relação com os luteranos acabou evidenciando como é lento o caminho
da plena reconciliação eclesial. Ela é mais complexa do que a dimensão teológica.
Demanda providências de ordem estrutural entre as Igrejas, de tal modo que se efetive
a unidade desejada.
Foram muitos os passos positivos, dados a partir
do novo clima que tomou forma irreversível com a adesão da Igreja Católica ao ecumenismo.
Ao mesmo tempo, o panorama eclesial foi se complicando, com o surpreendente eclodir
de milhares de denominações cristãs, surgidas no seio do pentecostalismo, que vão
na contramão da unidade eclesial. Hoje o panorama eclesial, decorrente desta multiplicação
de novas denominações cristãs, mais se parece com uma galáxia em frangalhos, do que
um cosmos na harmonia de sua diversidade.
Com isto, está posto o desafio,
de renovar a proposta ecumênica, levando em conta esta nova realidade eclesial. Uma
causa difícil, que precisa ser pavimentada pela abertura de espírito, pelo diálogo,
e pelo compromisso de autenticidade na vivência do Evangelho. Como constata o documento
do concílio, na medida em que as Igrejas se aproximarem do Evangelho, mas próximas
se encontrarão entre si.
O caminho do ecumenismo é, portanto, o
caminho da vivência do Evangelho de Cristo.