2011-06-11 13:29:27

Bento XVI pede fim das perseguições aos ciganos e convida este povo a “escrever uma nova página na história”.


(11/6/2011) Por ocasião dos 75 anos do martírio do cigano espanhol Ceferino Giménez Malla beatificado por João Paulo II a 4 de Maio de 1997, uma numerosa representação de ciganos europeus participa neste sábado e domingo em Roma na peregrinação promovida pelo Conselho Pontifício para a pastoral dos migrantes e itinerantes. Momento culminante foi o encontro deste sábado na grande aula das audiências do Vaticano, de Bento XVI com 2000 nómadas pertencentes a varias comunidades e etnias, pedindo o fim das perseguições a estas comunidades,e lembrando em particular o seu extermínio durante a II Guerra Mundial.
A vossa historia é complexa e nalguns períodos, dolorosa. Sois um povo que nos séculos passados não viveu ideologias nacionalistas, não aspirou a possuir uma terra ou a dominar outras gentes. Ficastes sem pátria e considerastes idealmente o inteiro Continente, como a vossa casa. Contudo, persistem problemas graves e preocupantes, como as relações muitas vezes difíceis com as sociedades nas quais viveis.
Infelizmente ao longo dos sé culos- prosseguiu o Papa – conhecestes o sabor amargo do não acolhimento e ás vezes, da perseguição, como aconteceu na II Guerra Mundial: milhares de mulheres, homens e crianças foram mortos barbaramente nos campos de extermínio. Foi - como dizeis – o Pórrajmos, o Grande Devorar, um drama ainda pouco reconhecido e do qual se medem com fadiga as proporções, mas que as vossas famílias trazem impresso no coração.
Bento XVI recordou que durante a sua visita ao campo de concentração de Auschwitz- Birkenau, a 28 de Maio de 2006 rezou pelas vitimas da perseguição, ajoelhando-se diante da lapide em língua romanês , que recorda os ciganos vitimas do nazismo. E o Papa acrescentou: A consciência europeia não pode esquecer tanta dor! Que nunca mais o vosso povo seja objecto de vexações de recusa e de desprezo!. Da vossa parte, procurai sempre a justiça, a legalidade, a reconciliação e esforçai-vos no sentido de nunca serdes causa de sofrimento para os outros.
Bento XVI admitiu que hoje a “situação está a mudar”, com novas oportunidades para os ciganos e o reconhecimento de uma “cultura de expressões significativas” que “enriqueceu a Europa”.
Esse mesmo continente, “que reduz as fronteiras e considera a riqueza da diversidade dos povos e das culturas”, convida o povo cigano a “escrever uma nova página na história”.
“Convido-vos, queridos amigos, a escrever juntos uma nova pagina de historia para o vosso povo e para a Europa! A procura de habitações e de trabalho dignos e de instrução para os filhos são as bases nas quais construir aquela integração da qual receber beneficio para vós e para a sociedade inteira.
Dai também vós a vossa concreta e leal colaboração, para que as vossas famílias se coloquem dignamente no tecido civil europeu!
A audiência foi o primeiro ato da peregrinação dos ciganos europeus ao Santuário de Nossa Senhora do Amor Divino, em Roma, por ocasião dos 150 anos do nascimento do beato cigano Zeferino Giménez Malla (El Pelé) [1861-1936], e dos 75 anos do seu martírio.
Bento XVI convidou os presentes a seguir o exemplo do beato Zeferino, de forma a evitarem os “riscos” levantados pelas “seitas ou outros grupos” junto das comunidades católicas ciganas.
“A Igreja caminha convosco e convida-vos a viver segundo as exigências do Evangelho, confiando na força de Cristo, rumo a um futuro melhor”, concluiu o Papa








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