Roma, 09 jun (RV) - “Condenamos duramente e sem reservas todas as ditaduras
e todos os imperialismos... somos pelo respeito absoluto das leis democráticas e pela
vontade do povo, que se expressa através das eleições”: é quanto escrevem em uma declaração
publicada nestes dias, os bispos da “África Ocidental (CERAO) sobre os recentes acontecimentos
políticos vividos pela Costa do Marfim e Líbia.
“Desaprovamos completamente
os chefes de Estado africanos que se estabelecem como presidentes por toda a vida,
e muitas vezes organizam eleições fraudulentas para permanecer no poder”, afirmam
os bispos que pedem à ONU para avaliar a legalidade das intervenções externas ocorridas
na Costa do Marfim denunciando-as como atentado grave ao direito da nação costa-marfinense.
“A Igreja Católica – lê-se ainda na declaração – tem como missão formar os
fiéis discípulos de Cristo a amar as nações dos outros como sua própria nação”. Então
os bispos exortaram a comunidade internacional a discernir os casos individuais quando
se deve decidir uma intervenção humanitária. “É evidente - dizem os bispos -, que
egoísmos coletivos podem assumir a forma de proteção humanitária das populações, para
destruir símbolos da dignidade e da soberania dessas mesmas populações”. Daí o apelo
à ONU e à União Africana, para que “se forme uma governança mundial de alta intensidade
ética”, diante de situações como as da Costa do Marfim e Líbia.
Mas o apelo
da CERAO é também dirigido aos líderes religiosos para que se comprometam pela reconciliação,
justiça e paz. “Afirmamos com o Papa Bento XVI - concluem os bispos - que a violência
e o ódio são sempre uma derrota e constroem um caminho sem futuro”. (SP)