2011-06-05 18:33:31

Amada Igreja na Croácia, assume com humildade e coragem a tarefa de seres a consciência moral da sociedade, «sal da terra» e «luz do mundo»: a mensagem deixada pelo Papa, na celebração conclusiva da sua visita a Zagreb


(5/6/2011) Foi num ambiente de intenso recolhimento que decorreu a celebração de Vésperas na catedral de Zagreb, um “particular momento de comunhão” do Papa com os bispos da Croácia e os seus padres, pessoas consagradas, seminaristas e noviços e noviças. Uma celebração toda ela dominada pela “heróica” figura do cardeal Stepinac, arcebispo de Zagreb de 1937 até à morte, em 1960, beatificado por João Paulo II em 1998.

“Nesta tarde, em devota oração, queremos fazer memória do Beato Aloísio Stepinac, Pastor intrépido, exemplo de zelo apostólico e de firmeza cristã, cuja vida heróica ainda hoje ilumina os fiéis das dioceses croatas, sustentando a sua fé e vida eclesial. Os méritos deste inesquecível Pastor brotam essencialmente da sua fé: na sua vida, manteve sempre o olhar fixo em Jesus, configurando-se de tal modo com Ele que se tornou uma imagem viva de Cristo, mesmo dos seus sofrimentos.
Foi precisamente graças à sua firme consciência cristã que ele, conseguiu resistir a todos os totalitarismos, tornando-se defensor dos judeus, dos ortodoxos e de todos os perseguidos no tempo da ditadura nazista e fascista e depois, no período do comunismo, «advogado» dos seus fiéis, especialmente dos numerosos sacerdotes perseguidos e assassinados. Sim, tornou-se «advogado» de Deus sobre esta terra, já que defendeu tenazmente a verdade e o direito do homem viver com Deus.”

Citando a Carta aos Hebreus, que afirma que “com uma só oferta, Cristo tornou perfeitos para sempre os que são santificados”, Bento XVI convidou a “considerar a figura do cardeal Stepinac segundo a forma de Cristo e do seu sacrifício”. Na verdade, o martírio cristão é a medida mais alta de santidade, mas é-o sempre e só graças a Cristo, por seu dom” – sublinhou o Papa que observou que o “martírio” do cardeal Stepinac “marca o apogeu das violências perpetradas contra a Igreja durante a terrível estação da perseguição comunista. Os católicos croatas, de modo particular o clero, foram objecto de vexações e abusos sistemáticos, que visavam destruir a Igreja Católica a começar da sua Autoridade local mais alta”.

“Aquele período, particularmente duro, caracterizou-se por uma geração de Bispos, sacerdotes e religiosos dispostos a morrer para não atraiçoar Cristo, a Igreja e o Papa. O povo viu que os sacerdotes nunca perderam a fé, a esperança, a caridade, e deste modo permaneceram sempre unidos. Esta unidade explica o que é humanamente inexplicável, ou seja, que um regime tão duro não tenha podido dobrar a Igreja.”

“Também hoje a Igreja na Croácia – prosseguiu o Papa - é chamada a estar unida para enfrentar os desafios do contexto social em mudança, individuando com audácia missionária novos caminhos de evangelização especialmente ao serviço das jovens gerações”.

Dirigindo-se depois diretamente aos diferentes grupos de pastores e pessoas consagradas presentes, Bento XVI começou por “encorajar” antes de mais os bispos, seus “irmãos no episcopado”, convidando-os a agirem em “fecundo acordo” entre si e em comunhão com o sucessor de Pedro, para poderem enfrentar as dificuldades do nosso tempo. Bento XVI considerou “importante que sobretudo os Bispos e os sacerdotes trabalhem sempre ao serviço da reconciliação entre os cristãos divididos e entre cristãos e muçulmanos, seguindo os passos de Cristo, que é a nossa paz.”
Na relação com os padres, os Bispos croatas foram exortados a “oferecer-lhes claras indicações espirituais, doutrinais e pastorais”, para assegurar a comunhão, dentro das legítimas diversidades. O que requer dos bispos “o serviço da vigilância, a prestar no diálogo e com grande amizade, mas também com clareza e firmeza”. Aderir a Cristo significa «observar a sua palavra» em todas as circunstâncias! – advertiu Bento XVI, que citou o Beato Cardeal Stepinac:

«Um dos males maiores do nosso tempo é a mediocridade nas questões de fé. Não tenhamos ilusões… Ou somos católicos ou não o somos. Se o somos, é preciso que isto se manifeste em cada âmbito da nossa vida» (Homilia na Solenidade de São Pedro e São Paulo, 29 de Junho de 1943). A doutrina moral da Igreja, hoje frequentemente incompreendida, não se pode desvincular do Evangelho.

Aos padres croatas, Bento XVI exortou-os a “permanecerem vigilantes na oração e na vida espiritual” e a “acolher com magnanimidade quem bate à porta do (seu) coração, oferecendo a cada um os dons que a bondade divina (lhes) confiou”. Aos consagrados e consagradas, o Papa pediu-lhes que se deixem-se plasmar por Deus, para tornar visível ao homem actual… a santidade, a verdade, o amor do Pai celeste. Aos jovens que se preparam para o sacerdócio ou para a vida consagrada, Bento XVI propôs-lhes o “heróico” testemunho do Beato Aloísio Stepinac.
E Bento XVI concluiu com um apelo geral à fidelidade a Cristo:

“Amada Igreja na Croácia, assume com humildade e coragem a tarefa de seres a consciência moral da sociedade, «sal da terra» e «luz do mundo»). Permanece sempre fiel a Cristo e à mensagem do Evangelho, numa sociedade que procura relativizar e secularizar todos os âmbitos da vida. Sê a morada da alegria na fé e na esperança”.








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