Amada Igreja na Croácia, assume com humildade e coragem a tarefa de seres a consciência
moral da sociedade, «sal da terra» e «luz do mundo»: a mensagem deixada pelo Papa,
na celebração conclusiva da sua visita a Zagreb
(5/6/2011) Foi num ambiente de intenso recolhimento que decorreu a celebração de Vésperas
na catedral de Zagreb, um “particular momento de comunhão” do Papa com os bispos da
Croácia e os seus padres, pessoas consagradas, seminaristas e noviços e noviças. Uma
celebração toda ela dominada pela “heróica” figura do cardeal Stepinac, arcebispo
de Zagreb de 1937 até à morte, em 1960, beatificado por João Paulo II em 1998.
“Nesta
tarde, em devota oração, queremos fazer memória do Beato Aloísio Stepinac, Pastor
intrépido, exemplo de zelo apostólico e de firmeza cristã, cuja vida heróica ainda
hoje ilumina os fiéis das dioceses croatas, sustentando a sua fé e vida eclesial.
Os méritos deste inesquecível Pastor brotam essencialmente da sua fé: na sua vida,
manteve sempre o olhar fixo em Jesus, configurando-se de tal modo com Ele que se tornou
uma imagem viva de Cristo, mesmo dos seus sofrimentos. Foi precisamente graças
à sua firme consciência cristã que ele, conseguiu resistir a todos os totalitarismos,
tornando-se defensor dos judeus, dos ortodoxos e de todos os perseguidos no tempo
da ditadura nazista e fascista e depois, no período do comunismo, «advogado» dos seus
fiéis, especialmente dos numerosos sacerdotes perseguidos e assassinados. Sim, tornou-se
«advogado» de Deus sobre esta terra, já que defendeu tenazmente a verdade e o direito
do homem viver com Deus.”
Citando a Carta aos Hebreus, que afirma que “com
uma só oferta, Cristo tornou perfeitos para sempre os que são santificados”, Bento
XVI convidou a “considerar a figura do cardeal Stepinac segundo a forma de
Cristo e do seu sacrifício”. Na verdade, o martírio cristão é a medida mais alta de
santidade, mas é-o sempre e só graças a Cristo, por seu dom” – sublinhou o Papa que
observou que o “martírio” do cardeal Stepinac “marca o apogeu das violências perpetradas
contra a Igreja durante a terrível estação da perseguição comunista. Os católicos
croatas, de modo particular o clero, foram objecto de vexações e abusos sistemáticos,
que visavam destruir a Igreja Católica a começar da sua Autoridade local mais alta”.
“Aquele período, particularmente duro, caracterizou-se por uma geração de
Bispos, sacerdotes e religiosos dispostos a morrer para não atraiçoar Cristo, a Igreja
e o Papa. O povo viu que os sacerdotes nunca perderam a fé, a esperança, a caridade,
e deste modo permaneceram sempre unidos. Esta unidade explica o que é humanamente
inexplicável, ou seja, que um regime tão duro não tenha podido dobrar a Igreja.”
“Também hoje a Igreja na Croácia – prosseguiu o Papa - é chamada a estar unida
para enfrentar os desafios do contexto social em mudança, individuando com audácia
missionária novos caminhos de evangelização especialmente ao serviço das jovens gerações”.
Dirigindo-se depois diretamente aos diferentes grupos de pastores e pessoas
consagradas presentes, Bento XVI começou por “encorajar” antes de mais os bispos,
seus “irmãos no episcopado”, convidando-os a agirem em “fecundo acordo” entre si e
em comunhão com o sucessor de Pedro, para poderem enfrentar as dificuldades do nosso
tempo. Bento XVI considerou “importante que sobretudo os Bispos e os sacerdotes trabalhem
sempre ao serviço da reconciliação entre os cristãos divididos e entre cristãos e
muçulmanos, seguindo os passos de Cristo, que é a nossa paz.” Na relação com os
padres, os Bispos croatas foram exortados a “oferecer-lhes claras indicações espirituais,
doutrinais e pastorais”, para assegurar a comunhão, dentro das legítimas diversidades.
O que requer dos bispos “o serviço da vigilância, a prestar no diálogo e com grande
amizade, mas também com clareza e firmeza”. Aderir a Cristo significa «observar a
sua palavra» em todas as circunstâncias! – advertiu Bento XVI, que citou o Beato Cardeal
Stepinac:
«Um dos males maiores do nosso tempo é a mediocridade nas questões
de fé. Não tenhamos ilusões… Ou somos católicos ou não o somos. Se o somos, é preciso
que isto se manifeste em cada âmbito da nossa vida» (Homilia na Solenidade de São
Pedro e São Paulo, 29 de Junho de 1943). A doutrina moral da Igreja, hoje frequentemente
incompreendida, não se pode desvincular do Evangelho.
Aos padres croatas,
Bento XVI exortou-os a “permanecerem vigilantes na oração e na vida espiritual” e
a “acolher com magnanimidade quem bate à porta do (seu) coração, oferecendo a cada
um os dons que a bondade divina (lhes) confiou”. Aos consagrados e consagradas, o
Papa pediu-lhes que se deixem-se plasmar por Deus, para tornar visível ao homem actual…
a santidade, a verdade, o amor do Pai celeste. Aos jovens que se preparam para o sacerdócio
ou para a vida consagrada, Bento XVI propôs-lhes o “heróico” testemunho do Beato Aloísio
Stepinac. E Bento XVI concluiu com um apelo geral à fidelidade a Cristo:
“Amada
Igreja na Croácia, assume com humildade e coragem a tarefa de seres a consciência
moral da sociedade, «sal da terra» e «luz do mundo»). Permanece sempre fiel a Cristo
e à mensagem do Evangelho, numa sociedade que procura relativizar e secularizar todos
os âmbitos da vida. Sê a morada da alegria na fé e na esperança”.