2011-06-03 11:53:42

SUL DO SUDÃO: BISPO RELATA SITUAÇÃO DRAMÁTICA


Cidade do Vaticano, 03 jun (RV) - “Cerca de 300 mil pessoas estão fugindo do governo islâmico do Sudão, em direção do novo Sudão do Sul. Elas precisam de alimento, medicamentos e até de capas plásticas para se protegerem no início da estação das chuvas”.

Há mais de trinta anos como missionário no país africano, Dom Cesare Mazzolari é o bispo da diocese de Rumbek, no Sudão do Sul, desde 1999. Ele concedeu uma entrevista, na sede da Rádio Vaticano, lembrando as palavras de João Paulo II: “Cesare, envio você a uma terra onde existe uma guerra injusta. Você tem que tentar cuidar dessas pessoas”.

A guerra civil durou 23 anos e custou 2 milhões de vidas humanas no Sudão único. Em janeiro passado, 98% da população votaram a favor da independência em referendo popular. Juba será a nova capital do 54º país africano.

Será um dos mais pobres do continente: 75% da população não têm acesso a serviços básicos de saúde e há enormes dificuldades para se obter água e alimentos. Nesta região, 92% das mulheres não sabem ler nem escrever, não há eletricidade e o fornecimento de água é administrado por empresas privadas, por meio de caminhões tanque.

Para o bispo italiano de Rumbek, serão necessários “de 5 a 10 anos para sair da pobreza, até porque o nível da classe dirigente é igual a zero”.

“Temos que trabalhar pela unidade e pela integração, ajudar os retirantes, mas também nos preocupamos com a Igreja do Sudão. Tememos que o governo de Cartum não renove os vistos dos missionários, retire os fundos para as ajudas, desaproprie as escolas e os centros cristãos” - diz.

“Existe um mal-estar entre os jovens e diversas tribos, porque a Constituição de 2005 foi escrita a portas fechadas. Também nós, como Igreja, ficamos de fora. Gostaríamos de mais participação, das pessoas e da Igreja”.

Dom Mazzolari resumiu afirmando que “o sul do Sudão quer nascer democrático, mas falta abertura ao povo”. “Esta independência é símbolo da liberdade obtida de maneira pacífica e construtiva; a verdadeira liberdade à moda africana. A Síria, a Líbia, todos querem uma liberdade genuína, e isto o Sudão do Sul conseguiu. Mas o caminho a trilhar ainda é muito longo”.
(CM)







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