PAPA: EVOLUÇÃO DA MÚSICA SACRA DEVE SER FIEL À TRADIÇÃO E DAR DIGNIDADE À LITURGIA
Cidade do Vaticano, 31 mai (RV) - A Igreja é "o autêntico sujeito" da liturgia
e, nesse sentido, a música sacra deve conseguir envolver a assembleia restituindo
o sentido "da oração, da dignidade e da beleza" de uma celebração.
É o que
afirma Bento XVI numa passagem da carta enviada ao Prefeito da Congregação para a
Educação Católica, Cardeal Zenon Grocholewski, por ocasião dos 100 anos de fundação
do Pontifício Instituto de Música Sacra.
Nos dias de hoje a música pop poderia
influenciar negativamente a música litúrgica. Um século atrás eram as árias de ópera
que poderiam exercer tal influência e São Pio X decidiu que a música sacra não poderia
ser terreno de conquista para partituras musicais inadequadas para expressar a estreita
ligação entre as notas e o sentido do divino de uma liturgia.
Por isso – recorda
o Pontífice em sua carta –, Pio X fundou em 1911 a Escola Superior de Música Sacra,
elevada 20 anos depois, por Pio XI, a Pontifício Instituto.
O sentido da "profunda
reforma" iniciada pelo Papa Pio X deve ser identificado na necessidade de se ter na
Igreja um "centro de estudo e de ensinamento" capaz de transmitir a compositores,
mestres de capela e liturgistas, "as linhas indicadas pelo Sumo Pontífice", de modo
"fiel e qualificado" – explica Bento XVI.
O Papa ressalta na carta um aspecto
por ele considerado "particularmente caro", ou seja, que hoje, "mesmo com a evolução
natural", é possível encontrar "a substancial continuidade do Magistério sobre a música
sacra na Liturgia".
Em tempos recentes – escreve o Papa –, Paulo VI e João
Paulo II quiseram reiterar "a finalidade da música sacra" e os "critérios fundamentais
da tradição":
O "sentido da oração, da dignidade e da beleza; a plena adequação
aos textos e aos gestos litúrgicos; o envolvimento da assembleia e, portanto, a legítima
adaptação à cultura local, conservando, ao mesmo tempo, a universalidade da linguagem;
o primado do canto gregoriano – prossegue – qual supremo modelo de música sacra, e
a sapiente valorização das outras formas expressivas, que fazem parte do patrimônio
histórico-litúrgico da Igreja, especialmente, mas não só, a polifonia; a importância
da schola cantorum, em particular nas igrejas catedrais".
Todavia –
observa o Pontífice em sua carta –, "devemos sempre perguntar-nos novamente: quem
é o sujeito da Liturgia? A resposta é simples: a Igreja". Não é a pessoa individualmente
considerada ou o grupo que celebra a Liturgia; ela é primariamente ação de Deus mediante
a Igreja, que tem a sua história, a sua rica tradição e a sua criatividade.
A
Liturgia "vive de uma correta e constante relação" entre a sã tradição e uma legítima
evolução, e, portanto, também assim a música sacra – frisa o Papa.
Deve-se
levar sempre em consideração "que esses dois conceitos – claramente ressaltados pelos
Padres conciliares – se integram reciprocamente porque a tradição é uma realidade
viva, e, por isso, inclui em si mesma o princípio da evolução e do progresso" – conclui
Bento XVI. (RL)