O ser cristão não é uma roupagem para ocasiões especiais, mas algo de vivo e totalizante:
Bento XVI à assembleia plenária do Conselho para a nova evangelização
(30/5/2011) Foi em Junho do ano passado, por ocasião da solenidade de São Pedro e
São Paulo, que Bento XVI anunciou a sua intenção de instituir um novo Dicastério da
Cúria Romana para a promoção da nova evangelização, concretizando assim “algo que
desde há muito vinha refletindo”, tendo em conta a “necessidade de oferecer uma resposta
particular no momento de crise da vida cristã que se verifica em muitos países, sobretudo
nos de antiga tradição cristã”. – Recordou-o o próprio Papa, ao receber, nesta segunda-feira,
os participantes na primeira assembleia plenária do novo “Conselho Pontifício para
a promoção da nova evangelização”, reunida nestes dias em Roma, sobretudo em vista
da XIII assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que em Outubro de 2012 enfrentará
o tema “Nova evangelização e transmissão da fé cristã”.
“O termo nova
evangelização evoca a exigência de uma renovada modalidade de anúncio, sobretudo
para aqueles que vivem num contexto – como o de hoje – em que os desenvolvimentos
da secularização vêm deixando graves marcas mesmo em países de tradição cristã”.
O
Concílio Vaticano II recordava que “os grupos no meio dos quais a Igreja se encontra,
muitas vezes – e por diferentes razões – transformam-se radicalmente, de tal modo
que podem surgir situações mesmo novas”. Uma observação bem pertinente, em que os
Padres Conciliares revelaram grande capacidade de análise e visão…
“A crise
que se experimenta traz consigo as marcas da exclusão de Deus da vida das pessoas,
de uma indiferença generalizada em relação à própria fé cristã, incluindo a tentativa
de a marginalizar da vida pública”.
“Nos séculos passados, ainda era possível
encontrar um sentido cristão geral que unificava o sentir de inteiras gerações, crescida
à sombra da fé que tinha plasmado a cultura” – observou Bento XVI, que evocou o “drama
da fragmentariedade que já não permite ter uma referência unificante”.
“Anunciar
Jesus Cristo único Salvador do mundo aparece hoje em dia como algo mais complexo do
que no passado; mas a nossa tarefa permanece idêntica, como no dealbar da nossa história.
Não se alterou a missão, assim como não se devem alterar o entusiasmo e coragem dos
Apóstolos e dos primeiros discípulos”.
“Há uma continuidade dinâmica entre
o anúncio dos primeiros discípulos e o nosso. Ao longo dos séculos a Igreja nunca
deixou de proclamar o mistério salvífico da morte e ressurreição de Jesus Cristo,
mas esse mesmo anúncio tem necessidade hoje de um renovado vigor para convencer o
homem contemporâneo, muitas vezes distraído e insensível”.
Para o Papa, mesmo
em quem permanece ligado às raízes cristãs, “é importante fazer compreender que o
ser cristão não é uma espécie de roupagem a usar na vida privada ou em ocasiões especiais,
mas sim algo de vivo e totalizante, capaz de assumir tudo o que bom existe na modernidade”.
Nunca se esqueça que é fundamental que o estilo de vida dos cristãos tenha “uma genuína
credibilidade, como sublinhava o Papa Paulo VI, a propósito da evangelização:
“Será
antes de mais mediante o seu comportamento, a sua vida, que a Igreja evangelizará
o mundo, isto, é, mediante o seu testemunho vivo de fidelidade ao Senhor Jesus, de
pobreza e de desprendimento, de liberdade perante os poderes deste mundo, numa palavra,
de santidade”.