AIDS: VATICANO PEDE ACESSO GRATUITO A TERAPIAS PARA TODOS
Cidade do Vaticano, 29 mai (RV) - “Inclinar-se, como o Bom Samaritano, junto
ao homem ferido abandonado na beira da rua é realizar aquela “justiça maior” que Jesus
pede a seus discípulos e pratica em sua vida: cumprir aquela Lei é amar”.
Estas
palavras de Bento XVI marcaram o Congresso dedicado à “Centralidade da pessoa na prevenção
e no tratamento da HIV/AIDS”, encerrado ontem no Vaticano. O encontro foi promovido
pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde e pela fundação "O Bom
Samaritano".
Na prática, o Presidente do dicastério vaticano, Dom Zygmunt Zimowski,
explicou que centrar-se na pessoa significa primeiramente “uma mudança de comportamento”,
propor “um novo modelo de sexualidade, inspirado nos valores da fidelidade conjugal
e da família, mesmo que este seja o caminho mais difícil”. Concretamente, “privilegiar
opções que promovam o crescimento humano da pessoa, a plena consciência da doença,
o senso de responsabilidade pelos outros, a compreensão do mistério do homem”.
Dom
Silvano Tomasi, Observador permanente da Santa Sé na ONU, destacou a relevância de
favorecer o acesso gratuito à terapia antiretroviral, que garante maior sobrevivência
e melhor qualidade de vida às pessoas doentes. “Todavia - ressalvou - o caminho é
ainda longo, porque 33 milhões de pessoas no mundo vivem com a doença; para cada pessoa
que consegue acessar à terapia, duas novas se contagiam; 7100 infecções surgem a cada
dia; e 10 milhões de pessoas que precisam dos medicamentos não têm possibilidade de
assumi-los”.
O Congresso foi também ocasião para a ilustração de iniciativas
como a experiência “DREAM”, da Comunidade de Santo Egídio, que oferece assistência
de saúde estruturada e capilar nas regiões mais pobres da África; a proposta da Fundação
“O Bom Samaritano”, que elaborou um Modelo de Ação Integrado que promove o acesso
gratuito aos medicamentos; a formação de pessoal médico e enfermeiros locais; a construção
de laboratórios para análises, diagnósticos e tratamento.
Todas as propostas
tiveram em comum a idéia de contrastar efeitos e causas da epidemia de AIDS no mundo
à luz da mensagem proposta pela Igreja: “sim à vida vivida nobre e humanamente, no
respeito do corpo próprio e dos outros”. (CM)