2011-05-22 15:39:12

PAPA CONVERSA COM OS ASTRONAUTAS NO ESPAÇO


Cidade do Vaticano 22 mai (RV) – Num evento já definido por muitos como histórico, o Papa Bento XVI conversou neste sábado, dia 21, durante cerca de 20 minutos com os astronautas da estação espacial internacional do transbordador Endeavour. Durante o colóquio tratou de diversos temas como a contribuição da ciência à consecução da paz e o futuro do mundo.

Ao iniciar a conexão, o Santo Padre disse:

“Queridos astronautas, estou muito contente de ter a extraordinária oportunidade de conversar com vocês durante esta missão, e especialmente agradecido de poder falar com vocês presentes na estação espacial neste momento”.

Em sua introdução às perguntas, Bento XVI assinalou que “a humanidade experimenta um período de rápido progresso nos campos de aplicações técnicas e conhecimentos científicos e que em certo sentido eles neste campo são representantes da humanidade em uma exploração que introduz no conhecimento de novos espaços e possibilidades para o futuro da humanidade que vai além das limitações da existência cotidiana”.

“Em um sentido, são nossos representantes: a exploração da humanidade é um ponto de partida para novos espaços e possibilidades para o nosso futuro, que vai além das limitações de nossa existência cotidiana”.

O Papa disse em seguida que “admiramos sua valentia assim como a disciplina e extrema responsabilidade com que se prepararam para realizar essa missão. Estamos convencidos de que é inspirada por nobres ideais e tem a finalidade de colocar os resultados das pesquisas e seus esforços à disposição de toda a humanidade para o bem comum”.

Depois de expressar sua curiosidade pelo que os astronautas apreciam do espaço e sobre suas pesquisas, o Papa fez uma pergunta relacionada com a visão que desde uma estação espacial se tem da terra, aludindo a que se voa sobre as nações e continentes várias vezes ao dia.

“Acredito que deve ser evidente para vocês que vivemos todos juntos na terra e quão absurdo seja lutar e matar uns aos outros”, e expressou a Mark Kelly, um dos astronautas, sua curiosidade em saber se, quando estão contemplando a terra por acaso se perguntaram “sobre as Nações e as pessoas que vivem juntas na terra e sobre o modo em que a ciência pode contribuir à causa da paz”.

O segundo argumento tratado pelo Santo Padre e dirigido a Ron Garan, teve relação com um tema que se refere à responsabilidade que os sere humanos têm sobre o futuro do planeta. “Recordo neste momento, os graves riscos que enfrenta o meio ambiente com a sobrevivência das gerações futuras. Os cientistas nos dizem devemos tomar cuidado e desde um ponto de vista ético, temos que desenvolver nossa consciência”.

E perguntou desde sua perspectiva de observação, extraordinária, sobre o modo em que se percebe a situação na terra, e se são perceptíveis os sinais ou fenômenos para os quais temos que estar mais atentos.

Ron Garan respondeu ao Santo Padre: “Sua Santidade, é uma grande honra conversar com o senhor e tem razão: realmente temos um ponto extraordinário de observação aqui em cima. Por um lado, podemos ver quão indescritivelmente formoso é o planeta que nos foi dado, mas por outro, também vemos claramente quão frágil ele é".

O Papa introduziu sua terceira pergunta a Mike Finchke, salientando sua convicção de que a tripulação presente na Estação Espacial Internacional “vive uma experiência extraordinária e muito importante, sobre tudo se pensamos que terão que retornar à terra e viver como o resto dos seres humanos”.

Assim observou que certamente, quando voltarem, serão admirados e tratados como heróis a quem pedirão para falar de suas experiências. Em seguida questionou sobre “quais serão as mensagens mais importantes que gostariam de transmitir especialmente aos jovens que vão viver em um mundo fortemente influenciado por suas experiências e descobertas”.

Em sua quarta pergunta dirigida ao astronauta italiano Roberto Vittori, o Pontífice novamente sublinhou que a exploração espacial é uma fascinante aventura científica e disse: “sei que instalaram novas equipes para seguir a pesquisa científica e o estudo da radiação procedente do espaço exterior, mas acredito que também é uma aventura do espírito humano, um poderoso estímulo para refletir sobre a origem e o futuro do universo e da humanidade. Freqüentemente os crentes olham o céu ilimitado e meditam sobre o criador de tudo, pensando no mistério de sua grandeza”.

O Papa recordou também que a medalha que entregou a este astronauta italiano tem gravada a representação do afresco da “Criação” do homem, pintado por Michelangelo na Capela Sistina. Recordando seu intenso compromisso de trabalho e de pesquisa perguntou-lhe se existem momentos em que se devem deter para fazer reflexões parecidas, “e talvez dirigir uma oração ao Criador, ou por acaso seria mais fácil refletir sobre estas coisas estando de volta e sobre a Terra”.

Vittori assinalou em sua resposta que “quando temos um momento para olhar abaixo, a beleza tridimensional de nosso planeta captura nosso coração, captura meu coração. E sim rezo. Rezo por mim, por nossas famílias, pelo nosso futuro”.

A última pergunta de Bento XVI aos astronautas foi em italiano, dirigida ao segundo astronauta desta nacionalidade, Paolo Nespoli. O Papa comentou que estava ciente que há poucos dias sua mãe havia falecido: "quando dentro de poucos dias você retornar à casa já não a encontrará esperando você. Todos estamos próximos a você, eu também rezei por ela”.

O Santo Padre dirigiu sua última pergunta para saber se “na estação espacial os astronautas se sentem distantes e isolados, sofrendo um sentido de separação, ou ao contrário, se sentem unidos entre eles mesmos e portanto membros de uma comunidade que os acompanha com atenção e afeto”.

Nespoli respondeu: “Santo Padre, escutei suas orações, eu as senti chegar até aqui: certamente, estamos fora deste mundo, orbitamos em torno da terra e estamos em um ponto de vantagem para olhar a Terra e para escutar tudo ao redor”.

Depois de agradecer a proximidade à sua família e sua tripulação apesar da distância, o astronauta disse: “senti-me longe mas também muito próximo, e certamente o pensamento de sentir todos muito próximos neste momento, foi de grande alívio. Agradeço à Agência Espacial Européia e à Agência Espacial americana que puseram à disposição os recursos para que eu pudesse falar com o senhor neste momento”.

Finalmente o Papa Bento XVI disse aos astronautas: “vocês ajudaram, não somente a mim mas a tantas outras pessoas, a refletir juntas sobre temas importantes para o futuro da humanidade. Expresso os melhores desejos para o desenvolvimento de seu trabalho e pelo resultado desta grande missão ao serviço da ciência, da colaboração internacional, do progresso autêntico e da paz no mundo. Continuarei a segui-los com meu pensamento e minha oração”. (SP)








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