Rio de Janeiro, 15 mai (RV) - No quarto domingo da Páscoa celebramos o Domingo
do Bom Pastor, pois a cada ano escutamos um dos trechos do capítulo décimo do Evangelho
de João. É quando comemoramos a Jornada Mundial de Oração pelas Vocações, neste ano
já na 48ª ocasião. O tema escolhido pelo Papa Bento XVI é: “Propor as vocações na
Igreja local”. É uma boa ocasião para acolhermos a beleza da comparação que Cristo
faz e, além de rezarmos pelos nossos pastores, colocarmo-nos todos sob a condução
do nosso pastor comum, Jesus Cristo. Aquele misterioso véu que impedia os discípulos
e Maria Madalena de reconhecer Jesus ressuscitado cai, quando Ele, de diferentes maneiras,
suscita e alimenta neles a fé. Ele entra com as portas fechadas, deseja, repetidamente,
a paz e sopra sobre os apóstolos, come com eles. Faz Tomé tocar as feridas e colocar
a mão na ferida que tem no lado; a Maria, em lágrimas, chama pelo nome, e assim abre-lhe
os olhos. A voz de Jesus é a voz que chama, a voz que inspira e orienta todos
aqueles que O seguem e se esforçam para imitá-Lo nas diversas vocações cristãs. Ele
chamou os apóstolos, escolheu os discípulos, mas continua a chamar incessantemente.
Hoje, ele diz a todos: "Eu sou a porta das ovelhas", ou seja, o ingresso no Reino,
a entrada da Igreja, o ingresso na vida divina, e, declarando-se Bom Pastor, acrescenta:
“Ele chama as suas ovelhas, cada uma pelo nome, e as conduz para fora". É ainda a
voz segura e convidativa de Jesus que chama para indicar o caminho; a voz que conduz
a melhores pastagens, que amorosamente poupa e preserva dos perigos. É uma voz amiga,
que cria comunhão e entendimento perfeito entre o pastor e as suas ovelhas. Pede-nos
a escuta dócil e a fé mais ardente. A Palavra do Senhor, de fato, ressoa continuamente
na nossa Igreja. É essa voz amorosa que nos chama para proclamá-Lo neste tempo
diferenciado e plural. Saber que Cristo, através de sua Igreja, veio trazer vida em
abundância para todos e, por isso mesmo, a verdadeira vida supõe passos importantes
dentro de nossa vida e responsabilidade humanas. Hoje, principalmente, vemos a necessidade
cultural que existe de sermos pessoalmente reconhecidos e respeitados. A voz do
Bom Pastor é bem distinta daquela enganadora dos que são ladrões e assaltantes e não
entram pela porta, nem cuidam do rebanho, mas fogem diante do perigo porque são mercenários.
A voz do Senhor é agora a voz dos apóstolos, como lemos que Pedro é forte e destemido,
e todos aqueles que são convertidos por Cristo assumiram o mesmo timbre e não são
capazes apenas de professar, mas também de testemunhar a sua fé até o dom da vida.
Vale a pena confiar totalmente na condução segura de um pastor que nos amou até a
cruz e se tornou a garantia da nossa salvação junto do Pai celeste. Jesus é o pastor
que chama as suas ovelhas pelo nome, Ele vai adiante delas e as ovelhas confiam Nele.
O que nós precisamos é de pessoas que velem por nós, estejam alertas para responder
os nossos problemas, fazendo-se como que nossos companheiros de viagem. Temos um forte
desejo de sermos chamados pelo nome, não nos sentindo números, mas sentindo-nos profundamente
amados por alguém. Jesus é a única pessoa que nos ama como somos, como o Bom Pastor.
Quando muitas pessoas fogem de nós, sabemos que Jesus é o verdadeiro pastor, a porta
das ovelhas que nunca nos abandona. Jesus é a porta das ovelhas que acolhe o rebannho
e nos dá a verdadeira liberdade, e os que confiam n’Ele recebem a plenitude da salvação. É
exatamente na Igreja que devemos nos sentir profundamente amados, livres, alegres,
felizes diante do pastor que é o próprio Cristo manifestado através das mediações.
Neste dia mundial de orações pelas vocações de especial consagração, nós entendemos
a missão que é oferecida a todos. Portanto, devemos orar principalmente por aqueles
que se dedicam de modo especial a Cristo, e que são sinais de Jesus o único Pastor!
† Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião
do Rio de Janeiro, RJ