Cidade do Vaticano, 13 mai (RV) - Bento XVI recebeu esta manhã, na Sala Clementina,
no Vaticano, os participantes de um encontro promovido pelo Instituto João Paulo II
de estudos sobre o matrimônio e a família.
O Instituto foi fundado pelo Papa
João Paulo II exatamente trinta anos atrás, junto com o Pontifício Conselho para a
Família. Hoje, está presente em todos os continentes, engajado no estudo, pesquisa
e difusão das catequeses sobre o amor humano.
Falando à delegação de hóspedes,
Bento XVI propôs a conjugação da teologia do corpo com a do amor para encontrar a
unidade do caminho do homem. Para o papa, este deve ser o horizonte de trabalho do
Instituto João Paulo II.
Dissertando sobre o tema, o pontífice analisou os
eventos da Capela Sistina, com os corpos representados nus, o que era considerado
pouco respeitoso. A Inquisição acusava os artistas de terem pintado figuras inapropriadas
ao redor da Última Ceia.
Mas os corpos ilustrados por Michelangelo são habitados
pela luz, pela vida, pelo esplendor. Ele queria mostrar que nossos corpos escondem
um mistério; é neles que o espírito se exprime e atua – disse Bento XVI. “Assim, entendemos
que nossos corpos não são matéria inerte, mas falam, se soubermos ouvi-lo, a linguagem
do verdadeiro amor”.
Para o papa, a primeira palavra desta linguagem está
na criação do homem. Ela traz consigo um significado filial e somente quando o homem
reconhecer o amor originário, que lhe deu a vida, poderá aceitar a si mesmo, reconciliar-se
com a natureza e com o mundo. Bento XVI citou o episódio de Adão e Eva, cujos corpos,
recebendo-se, podem doar.
“Abre-se assim um caminho em que o corpo nos ensina
o valor do tempo, do longo amadurecimento no amor. É nesta luz – o papa explicou –
que a castidade ganha um novo sentido: não é um ‘não’ aos prazeres e à alegria da
vida, mas um grande ‘sim’ ao amor como comunicação profunda entre as pessoas, que
requer tempo e respeito”.
Bento XVI destacou também o aspecto negativo do
corpo: quando nos fala da opressão ao próximo, do desejo de possuir e de explorar.
“Todavia – ressalvou – sabemos que esta linguagem não pertence ao desígnio originário
de Deus, mas é fruto do pecado”.
“A família é o lugar no qual a teologia do
corpo e a teologia do amor se encontram. É nela que se aprende a bondade do corpo,
seu testemunho, a experiência de amor que recebemos de nossos pais. É na família que
o homem se realiza como filho, esposo e pai”.
Finalizando, o papa recomendou
os participantes do Instituto à proteção de Maria, pedindo que ela continue inspirando
seus estudos e ensinamentos a serviço da missão da Igreja, em prol da família e da
sociedade. (CM)