Aparecida, 07 mai (RV) - “Luto contra Belo Monte há 30 anos”, disse o bispo
da prelazia do Xingu, Dom Erwin Krautler, na terceira coletiva de imprensa, realizada
na tarde desta sexta-feira, 7, em Aparecida (SP). O bispo reafirmou mais uma vez a
sua opinião contrária a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo
erguida no rio Xingu, no estado do Pará. O bispo disse que o atual governo brasileiro
não está se preocupando com as causas indígenas.
“Desde o Governo passado a
causa indígena não é levada a sério. Pelo que percebo a atual presidência também não
está ligando muito, pois ignora insistentemente os nossos apelos e as nossas cartas.
Desde 1982, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), do qual sou presidente, é o
braço indigenista da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Graças a Deus
estamos lutando pela causa indígena, e a CNBB nos apóia e endossa a nossa luta, porque
é uma instituição que valoriza a vida”, disse dom Erwin citando o apoio da CNBB contra
a construção de Belo Monte.
Dom Erwin Krautler apresentou também um balaço
de ameaças das causas indígenas que o CIMI está, segundo o bispo, preocupado. “Há
182 terras indígenas ameaçadas no Brasil por todos os tipos de atrocidades. 108 povos
estão em estado crítico. O projeto de Belo Monte prevê a construção de uma barragem
principal no rio Xingu, localizada a 40 km abaixo da cidade de Altamira (PA), da qual
sou bispo. Se isso acontecer, 1/3 da cidade ficará embaixo d’água caso ‘Belo Monstro’
seja construída. O Governo precisa nos ouvir”, enfatizou.
O bispo ressaltou
que não está só nesta “luta”. Para o bispo prelado do Xingu, tanto ele quanto a sociedade
civil e organismos internacionais estão sendo sistematicamente ignorados. “A Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA)
solicitou oficialmente que o Governo brasileiro suspenda imediatamente o processo
de licenciamento e construção do Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, citando o potencial
prejuízo da construção da obra aos direitos das comunidades tradicionais da bacia
do rio Xingu. Tenho a total convicção e estudo de renomados professores e instituições
internacionais que Belo Monte dará um prejuízo, não apenas ecológico, humano, social
e cultural, como também financeiro”, finalizou Dom Erwin Krautler. (CNBB-CM)