São Paulo, 03 mai (RV) - Em outubro de 2012 será realizada a 13ª. assembleia
geral ordinária do Sínodo dos Bispos, em Roma; o tema já escolhido pelo Papa Bento
XVI é: “nova evangelização para a transmissão da fé cristã”. A partir de um primeiro
texto contendo linhas gerais para a abordagem do tema, chamado “Lineamenta”, as Conferências
Episcopais do mundo inteiro agora estão sendo chamadas a dar suas contribuições, para
que seja produzido o “Instrumento de Trabalho” para a assembleia sinodal.
A
questão da nova evangelização torna-se cada vez mais relevante em nossos tempos e,
por isso mesmo, o Papa Bento XVI instituiu o Pontifício Conselho para promover a nova
evangelização em todo o mundo, mas sobretudo nos países e lugares de antiga evangelização,
onde a fé cristã está passando por sérias dificuldades, correndo até mesmo o risco
de desaparecer.
Tal preocupação não é nova e já foi um dos motivos mais importantes
da convocação do Concílio Vaticano II, cujos 50 anos serão comemorados a partir de
2012. As Conferências Gerais do Episcopado da América Latina, principalmente as de
Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007), também tiveram esta mesma preocupação; e
as assembleias continentais do Sínodo dos Bispos, na preparação para o Grande Jubileu,
enquanto faziam uma avaliação dos frutos já produzidos em 2000 anos de pregação do
Evangelho, eram igualmente motivadas pela busca de novos caminhos para a evangelização.
A Igreja no Brasil, através de sucessivas iniciativas da CNBB, sobretudo das Diretrizes
plurianuais da Ação Evangelizadora, dos Projetos Nacionais de Evangelização e dos
constantes estímulos à pastoral de conjunto, tem buscado cumprir a sua missão de evangelizar.
A próxima Assembleia Geral da CNBB, a iniciar no dia 4 de maio em Aparecida, mais
uma vez vai concentrar seus esforços na elaboração das Diretrizes Gerais, que deverão
orientar a ação evangelizadora nos próximos anos.
A “nova evangelização” decorre
do próprio mandato de Cristo aos Apóstolos: “Ide por todo o mundo, fazei discípulos
meus entre todas as gentes”; é Deus que deseja que a Boa Nova chegue a todos; por
isso, é um direito de cada ser humano conhecer o Evangelho e ser por ele iluminado
na vida. Mas “como crerão naquele, de quem nunca ouviram falar? E como ouvirão falar,
se não houver que anuncia?” (Rm 10,14). A evangelização há de ser sempre “nova” e
expressar o esforço constante da Igreja no cumprimento de sua missão primordial: anunciar
o Evangelho a todos os povos, sempre e por toda parte.
É uma obra nunca concluída.
Grande parte da humanidade ainda não recebeu o anúncio do Evangelho; e onde, em tempos
passados, ele foi anunciado e a vida cristã chegou mesmo a ser florescente, será preciso
retomar sempre de novo o processo de transmissão da fé; em vários momentos da História
foi necessária uma verdadeira retomada da evangelização quando, por motivos vários,
a fé e o fervor cristão arrefeceram, ou até mesmo se desvirtuaram em função de desvios
e falsas doutrinas. Além disso, o cristianismo convive com outras tendências religiosas,
que podem atrair os próprios cristãos e católicos, quando a sua fé não é bastante
esclarecida e cultivada; e também convive com modos de vida pagãos, que São João qualificaria
como sendo “do mundo” e São Paulo atribuiria “ao homem velho”, ainda escravo de seus
vícios e paixões... O anúncio do Evangelho deve iluminar todas essas realidades, para
que sejam transformadas sempre mais, de acordo com o reino de Deus.
A próxima
assembleia do Sínodo dos Bispos, em 2012, vai confrontar-se especialmente com os cenários
atuais da evangelização, com as novas tendências culturais, que por vezes se fecham
e até se opõem às convicções e aos valores cristãos; por outro lado, a nova evangelização
deverá suscitar na própria Igreja uma autêntica conversão pastoral e missionária,
como convidou a Conferência de Aparecida, do Episcopado da América Latina e do Caribe;
já não é mais possível fazer uma pastoral apenas de conservação da vida eclesial,
mas é necessário “lançar as redes em águas mais profundas” e ter em conta os vastos
horizontes da missão, ainda não atendidos suficientemente.
De maneira especial,
a Igreja de Cristo precisa tomar consciência, de forma renovada, de que o dom do Evangelho
não pode ser retido para si, por aqueles que já crêem, mas precisa ser compartilhado
com os outros, como um bem precioso que Deus, através dela, quer fazer chegar a toda
a humanidade. A transmissão da fé é decorrência da autenticidade da fé e da alegria
de crer. Da nova assembleia sinodal espera-se uma decisiva retomada do processo evangelizador
em toda a Igreja.