CARDEAL SCHERER: "ESTAMOS DIANTE DE UM HOMEM SANTO"
Cidade
do Vaticano, 1º mai (RV) - Um dos representantes da Igreja brasileira na beatificação
de João Paulo II, o Cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, concedeu entrevista
a Cristiane Murray, recordando o histórico momento das exéquias do papa polonês, seis
anos atrás.
“Vi naquele momento um pouco da tradição antiga na Igreja em que
os santos eram aclamados pelo povo. A tradição da beatificação, da canonização, é
do segundo milênio cristão; no primeiro milênio não existia isso. Os santos eram aclamados
pelo povo ou conhecidos e acolhidos pelas tradições que se criavam e a devoção popular.
Então, quando o povo na Praça São Pedro, durante os funerais, pediu “Santo imediatamente”,
fez de alguma forma, o que uma vez o povo fazia em relação aos santos que queria ver
proclamados.
Naturalmente, em relação à figura do Papa JPII, isso tinha vários
motivos muito claros. Em primeiro lugar, ele foi um grande papa, com um longo pontificado,
que fez tanto bem. Era reconhecidamente um líder mundial, um líder da Igreja que teve
influência muito forte nos rumos que a Igreja tomou nas últimas décadas. Também o
momento de sua longa enfermidade, a forma edificante e exemplar como ele enfrentou
esta enfermidade: ele não se retraiu, continuou fazendo tudo aquilo que era possível,
mesmo sofrendo visivelmente. Isto gerou no povo comoção, um sentimento de admiração
pela forma como enfrentou a enfermidade e no momento decisivo de sua morte. Ele era
naturalmente querido pelo povo, se dava muito bem com as multidões, com a juventude.
Por isso, sua morte gerou grande comoção no mundo católico, mas não só, e isso levou
as pessoas a fazerem este pedido na Praça São Pedro. Ache que refletia o que era o
‘sentir’ da Igreja: estamos diante de um homem santo, alguém que viveu o significado
da santidade profundamente.
Sua primeira visita ao Brasil, em 1980, foi um
imenso sucesso de multidões. O povo o aclamou como “João de Deus”, “a bênção, João
de Deus”. Ele gostava deste canto tanto que ele próprio ajudava a cantá-lo. Tinha
também uma grande empatia e sabia atrair as multidões, simpatizava com elas e o povo
respondia com muita facilidade. O povo brasileiro tem grande admiração por João Paulo
II e está muito feliz por sua beatificação”. (CM)