2011-05-01 14:03:16

BEATO JPII


Rio de Janeiro, 1º mai (RV) - Hoje foi beatificado o cidadão universal, João Paulo II. Soube amar e deixou-se amar por todos. Foi o grande anunciador do Kerigma a todos que pediu para que ninguém tivesse medo e abrisse as portas a Cristo! O operário, professor, que viveu em regimes de exceção em sua terra natal é para nós o sinal que em qualquer situação podemos corresponder à graça de Deus para viver a nossa vocação à santidade.

São muitos os enfoques desse homem de Deus e poderíamos discorrer sobre tantos assuntos, mas creio que, hoje, temos necessidade de refletir a importância de uma fé madura com pessoas que se convertem e se tornam discípulas missionárias anunciadoras do Cristo Ressuscitado.
A misericórdia de Deus e o tempo da Páscoa, nesse dia que nos recorda toda a questão social com relação ao trabalho, sem dúvida, que necessitamos de uma fé que se traduza em atos, mas também que seja aprofundada no conhecimento e na vida.

O Beato João Paulo II tanto com seus escritos, como suas homilias e mensagens foi alguém que procurou aprofundar a fé como um bom catequista, além de tantas outras virtudes.

Quando falamos de catequistas, logo pesamos em testemunhas vivas tanto da mensagem como do próprio Cristo. Numa catequese verdadeiramente cristocêntrica, o catequista não pode ser senão uma testemunha não só em palavras, mas também em atitudes junto aos seus catequizandos. Porque a grande missão da catequese se dá mediante o anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo. Assim quando dizemos ou pesamos em exemplos ou testemunhos de pessoas com relação a catequese, logo nos vêm aqueles e aquelas que trabalham junto conosco, que se doam no trabalho catequético junto a nossas comunidades, como também alguns que se destacam mais no amor e na vivência do Múnus de Ensinar da Igreja.

Na sua primeira visita ao Brasil em 1980, durante uma homilia em Porto Alegre, o Papa João Paulo II fez uma belíssima exortação aos catequistas, que é muito atual. No início de sua pregação o Romano Pontífice exorta: "Filhos diletíssimos, vim para conhecer-vos melhor, para escutar-vos, para entrar em diálogo convosco, para mostrar-vos que a Igreja está perto de vós e partilha os vossos problemas, as vossas dificuldades e sofrimentos, as vossas esperanças".

Percebemos, com esta saudação, que o Papa veio ao nosso país com um desejo muito grande de escutar o apelo do nosso povo, de conhecer melhor a Igreja no Brasil e, principalmente, dialogar, conhecendo os nossos problemas, na busca de encontrar novos caminhos. Como sucessor de Pedro, veio encorajar todos os brasileiros a permanecerem unidos na fé.

O educador na fé procura continuar a missão iniciada por Jesus guiado pelo Espírito Santo. Este serviço na Igreja é de fundamental importância. O Santo Padre valorizando o ministério dos catequistas afirma: "Que serviço mais belo que o do catequista que anuncia a Palavra divina, que se une com amor, confiança e respeito ao próprio irmão, para ajudá-lo a descobrir e realizar os desígnios providenciais de Deus sobre ele?" Eis que a missão do catequista consiste também em fomentar que as nossas comunidades sejam mais acolhedoras e catequizadoras. O catequista é um anunciador da Palavra, alguém que procura de fato vivenciá-la no dia a dia.

O testemunho do Papa João Paulo II é fundamental, pois não se pode separar a fé da vida quotidiana. O educador na fé tem uma tarefa extremamente árdua e delicada, porque a catequese não é um simples ensino, mas a transmissão de uma mensagem de vida e salvação, como jamais será possível encontrar em outras expressões do pensamento humano. Quem diz “mensagem”, diz algo mais do que doutrina.

A mensagem não se limita a expor idéias, ela exige uma resposta, pois é interpelação entre pessoas, entre aquele que propõe e aquele que responde. A mensagem é vida. Cristo anunciou a Boa Nova, a salvação e a felicidade. Por ser uma mensagem de vida, é que o Papa, todas as quartas-feiras, em audiência geral no Vaticano, catequiza o povo.

Sendo assim, diante do reconhecimento da Igreja, o Beato João Paulo II, no seu longo e profícuo pontificado, foi um Papa que foi Papa e também um grande exemplo de catequista em seu zelo e amor a Jesus Cristo e a sua Igreja; fez o que devia fazer, porém de maneira extraordinária no modo como fez e nos meios usados para isso. O Beato João Paulo II, grande catequista que foi e fez com amor e usou dos recursos que o mundo moderno lhe ofereceu, o que lhe proporcionou ser um Papa Santo e exemplo de um grande catequista, carregando em seu coração de Papa as dores e as alegrias de toda a humanidade.

Amando os seus, no caminho do amor de Jesus Cristo, soube fazer com que nos colocássemos no mesmo caminho. Não teve receio de conhecer o mundo e de ser conhecido por ele, não teve medo de abraçar e de ser abraçado, não sucumbiu à tentação de resguardar-se, mas viu e deixou-se ver, até mesmo em sua fragilidade física durante as doenças e no final de sua vida. Não esperou as pessoas, foi ao encontro delas, estreitando-as em seus braços.

Como Papa, mas também antes como fiel, catequista, padre e bispo, viveu oblativamente, fazendo de sua vida uma oferenda a Deus através do serviço à Igreja. Assim vivendo, perdendo a sua vida para retomá-la depois, tornou-se semente que morre, produzindo muitos e bons frutos que enriqueceram a Igreja e tornaram o mundo melhor e mais bonito.
A sua vida foi uma experiência “de morte”, a sua morte é uma fonte de vida. A sua existência torna-se um estímulo para vivermos a fé, a esperança e a caridade de modo novo, como servos cuja preocupação não deve ser outra senão a de fazer a Vontade do Pai, como fez Jesus Cristo, obediente até à morte e morte de cruz, e que se tornou fonte de salvação para a humanidade. Como “servo dos servos de Deus”, o Beato João Paulo II fez o que devia ter feito, foi um autêntico cristão servindo a Igreja como Papa.

Agradecemos a Deus a vida e o ministério do Papa João Paulo II, agora nosso Beato. Nós nos alegramos com a sua beatificação, associamo-nos à oração de toda a Igreja e, oxalá, esperamos que sua vida de fé, de discípulo e missionário de Jesus Cristo, seja estímulo para buscarmos, também nós, a santidade como modo fecundo de vida, respondendo positiva e propositivamente ao dom da santidade que Deus nos oferece em Jesus Cristo, morto e ressuscitado para a nossa santificação.

Assumindo a Catequese como prioridade no seu pontificado, o papa motivou nos países a elaboração de diretórios nacionais e regionais adaptando-os a cada realidade. Respondendo a esse desejo a Igreja no Brasil que busca, na Iniciação Cristã encontrar o melhor caminho para aprofundar a fé de nosso povo.

Toda a Igreja hoje expressa sua gratidão e amor ao Santo Padre, o Beato João Paulo II, pela sua doação, serviço, instrução e entrega da vida. Ele, como ninguém, soube ser presença cristã no limiar do século XXI anunciando e vivendo valores importantes para a pessoa humana. Hoje pedimos: Beato João Paulo II, roga por nós!

† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ









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