Cidade do Vaticano,
29 abr (RV) - A polícia marroquina confirmou que as explosões no Café Argana,
no centro da principal praça de Marrakesh, foram provocadas por bombas de gás que
teriam sido acionadas por um kamikaze. O modus operandi da ação também leva a polícia
a crer que o atentado tenha sido executado por homens ligados a movimentos fundamentalistas,
provavelmente de ramificações da Al Qaida.
A praça Jemaa el Fna é o centro
nervoso da cidade antiga. É porta de entrada para os mercados da Medina. Por lá, diariamente,
circulam milhares de turistas, principalmente franceses. Na hora do atentado, pela
manhã, começam a chegar à praça os encantadores de serpentes, contadores de histórias
e grupos de música marroquina até que à noite uma multidão se reúne em torno dos restaurantes
e barracas com produtos típicos.
Um país de maioria muçulmana contudo cada
vez mais ligado ao Ocidente. Talvez essa proximidade tenha custado a vida de ao menos
quinze pessoas mortas no atentado.
Para o analista político Alessandro Politi,
esses movimentos estão enfraquecidos. "A Al Qaida, como todos os movimentos ligados
a ela, perderam a iniciativa política ao redor do mundo. Então, eles podem matar,
mas não tem mais a capacidade de criar consenso ou de exercer qualquer forma de pressão
sobre as elites locais", declarou em entrevista à Rádio Vaticana.
Até então,
desde o início da revolução nos países do Norte da África, o Marrocos havia passado
incólume pelas manchetes da imprensa internacional. O rei Mohamed VI tem o apoio da
maioria da população e recentemente propôs algumas reformas. Politi explica: "o rei
tinha recém anunciado reformas bastante incisivas para aumentar o poder do governo
o do parlamento. Isso poderia despertar um certo mau humor interno que poderia levar
a acontecimentos como o de Marrakesh".
O último atentado terrorista no Marrocos
aconteceu em 2003, em Casablanca. Na época, 45 pessoas, também quase todos turistas,
foram mortos. Casablanca também foi a única cidade do mundo do Islã visitada por um
Sumo Pontífice. Em agosto de 1985, João Paulo II foi recebido pelo então Rei Hassan
II. O papa fez um discurso voltado à juventude muçulmana. (RB)