ORIENTE MÉDIO: HAMAS E AL FATAH ANUNCIAM RECONCILIAÇÃO
Cairo, 28 abr
(RV) – Após uma série de encontros secretos, o Al Fatah, grupo que tem como mentor
o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), e o movimento islâmico Hamas,
que comanda a Faixa de Gaza, chegaram a um acordo e agora estão unidos. O anúncio
foi feito ontem, de surpresa, na capital do Egito.
O acordo de reconciliação
prevê um governo de transição independente, eleições parlamentares e presidenciais
dentro de um ano, um novo conselho nacional da OLP (Organização para a Libertação
da Palestina), a reativação do atual conselho legislativo, uma reunião das forças
de segurança e a libertação de prisioneiros.
Observadores internacionais e
especialistas no mundo árabe acreditam que o acordo possa colocar fim a ruptura entre
os dois movimentos pró-palestina. Como a decisão foi anunciada no Egito pós-revolução,
a reconciliação poderia estar diretamente ligada aos acontecimentos no Norte da África.
De
acordo com a professora de relações internacionais da Universidade de Florença, Maria
Grazia Enardu, os fatos podem sim estar interligados. "O acordo foi anunciado no Egito,
aliás, neste novo Egito. Além do mais, o que parece ter acontecido é que jovens de
um grupo chamado A Unidade, sem ligação com o Hamas nem com a Al Fatah, fizeram protestos
em Gaza e também em West Bank, para forçar a reconciliação em busca de novas políticas
internas e externas", disse em entrevista à redação italiana da Rádio Vaticano.
Ao
apresentar os detalhes do acordo de reconciliação, o líder do Hamas, Mahamud Al Zaar,
disse que o governo transitório não tomará parte no processo de paz com Israel porquê
o Hamas não reconhece o Estado de Israel.
Diante dessas declarações, o primeiro
ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que a Autoridade Nacional Palestina,
presidida por Abu Mazen, deve escolher entre um acordo com o Estado Israelense ou
com o Hamas, que poderia tomar o controle da Cisjordânia. Entretanto, o porta-voz
da ANP disse que a ANP continua empenhada no processo de paz.
Sobre essa posição
de Israel, a professora Maria Grazia Enardu, fala sobre aquele que seria o maior temor
do Estado Israeliano: "o de um 'front' palestino unificado que se transformaria automaticamente
mais rígido, não pela presença do Hamas, mas porque neste ponto Abu Mazen se sentiria
mais seguro em futuras negociações", ponderou. (RB)