2011-04-28 20:02:51

BENTO XVI FALA SOBRE SUA AMIZADE COM JOÃO PAULO II


Cidade do Vaticano, 28 abr (RV) - Estão sendo ultimados os preparativos – em Roma e no Vaticano – para a Beatificação de João Paulo II. Espera-se a participação de centenas de milhares de peregrinos. Na manhã de sexta-feira realizar-se-á, na Sala de Imprensa da Santa Sé, uma coletiva para a apresentação das iniciativas ligadas ao evento.

No sábado à noite, o Vigário do Papa para a Diocese de Roma, Cardeal Agostino Vallini, presidirá uma Vigília de oração no "Circo Massimo", a partir das 20h locais.

No domingo, 1º de maio, Bento XVI celebrará na Praça São Pedro, às 10h locais, a missa em que proclamará Beato João Paulo II. Hoje repropomos uma entrevista concedida por Bento XVI à TV pública polonesa e transmitida em 16 de outubro de 2005, em que falava da sua amizade com João Paulo II, nascida no Conclave de 1978. A entrevista é do jesuíta Pe. Andrea Majewski:

Bento XVI:- "Desde o começo senti uma grande simpatia e, graças a Deus, imerecidamente, o então cardeal concedeu-me desde o início a sua amizade. Sou grato por essa confiança que depositou em mim, sem os meus méritos. Sobretudo vendo-o rezar, vi e não somente entendi, vi que era um homem de Deus. Essa era a impressão fundamental: um homem que vive com Deus, aliás, em Deus. Além disso, impressionou-me a cordialidade com a qual encontrou-se comigo. Sem grandes palavras, nascia assim uma amizade que vinha exatamente do coração e, logo após a sua eleição, o Papa me chamou diversas vezes a Roma para colóquios e, no final, me nomeou Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé."

P. Santo Padre, quais são, a seu ver, os pontos mais significativos do Pontificado de João Paulo II?

Bento XVI:- "Podemos ter, diria, dois pontos de vista: um ad extra – ao mundo – e um ad intra – à Igreja. Em relação ao mundo, parece-me que o Santo Padre, com os seus discursos, a sua pessoa, a sua presença e a sua capacidade de convencer, criou uma nova sensibilidade no que diz respeito aos valores morais, à importância da religião no mundo. Isso fez de modo que se criasse uma nova abertura, uma nova sensibilidade aos problemas da religião, à necessidade da dimensão religiosa no homem e, sobretudo, cresceu – de modo inimaginável – a importância do Bispo de Roma. Todos os cristãos reconheceram – não obstante as diferenças e apesar de nem todos reconhecerem o Sucessor de Pedro – que ele é o porta-voz da cristandade. Nenhum outro no mundo, em nível mundial, pode falar assim em nome da cristandade e dar voz e força, na atualidade do mundo, à realidade cristã. Mas também para a não-cristandade e para as outras religiões ele era o porta-voz dos grandes valores da humanidade. Deve-se também mencionar ter conseguido criar um clima de diálogo entre as grandes religiões e um sentido de responsabilidade comum que todos temos pelo mundo, bem como o sentido de que as violências e as religiões são incompatíveis e de que juntos devemos buscar o caminho para a paz, numa responsabilidade comum pela humanidade. No que diz respeito à situação da Igreja, eu diria que, em primeiro lugar, soube entusiasmar a juventude para Cristo. Essa é uma coisa nova, se pensamos na juventude de 1968 e dos anos Setenta. Somente uma personalidade com aquele carisma poderia conseguir que a juventude se entusiasmasse por Cristo e pela Igreja e também por valores difíceis; somente ele poderia, de tal modo, conseguir mobilizar a juventude do mundo para a causa de Deus e pelo amor a Cristo. Criou na Igreja – penso – um novo amor pela Eucaristia, criou um novo sentido pela grandeza da Divina Misericórdia; e também aprofundou muito o amor por Nossa Senhora e assim levou-nos a uma interiorização da fé e, ao mesmo tempo, a uma maior eficiência. Naturalmente, é preciso mencionar – como todos sabemos – também como foi essencial sua contribuição para as grandes mudanças no mundo em 1989, com a queda do chamado socialismo real." (RL)







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