Cidade do Vaticano, 27 abr (RV) - Bento XVI deixou sua residência de Castelgandolfo,
onde está descansando estes dias, e veio esta manhã ao Vaticano. Na Praça São Pedro,
uma multidão de fiéis o aguardava. A semana que precede a beatificação de JPII e segue
as cerimônias pascais está trazendo à Cidade Eterna milhares de turistas que, somados
aos peregrinos, lotaram a praça diante da Basílica.
Após uma volta com o papamóvel
para saudar todos, o papa proferiu a sua catequese, como faz sempre às 4as feiras,
em várias línguas.
Hoje, o pontífice discorreu sobre a carta de São Paulo
aos Colossenses, na qual o Apóstolo recorda aos cristãos que devem buscar as coisas
“do alto” e defender-se das coisas “da terra”.
As coisas a serem evitadas
– Bento XVI explicou – são a impureza, a imoralidade, as paixões, os desejos do mal
e a ganância. O objetivo será cancelar em nós este desejo insaciável de bens materiais
e o egoísmo, raiz de todo pecado.
Ouçamos o que disse em português:
“A Páscoa
é o centro do mistério cristão, pois tudo tem como ponto de partida a ressurreição
de Cristo. Da Páscoa irradia, como de um centro luminoso, toda a liturgia da Igreja,
que dela toma o seu conteúdo e significado. A celebração litúrgica da morte e ressurreição
de Cristo não é uma simples comemoração, mas a atualização no mistério dessa realidade
pela qual Cristo iniciou uma nova condição do nosso ser homens: uma vida imersa na
eternidade de Deus. Por isso, toda a nossa existência deve assumir uma forma pascal,
como ensina São Paulo na Carta aos Colossenses: “Se ressuscitastes com Cristo, buscai
as coisas do alto” (3,1). Longe de significar um desprezo das realidades terrenas,
o Apóstolo diz-nos que devemos buscar aquilo que pertence ao “homem novo”, revestido
de Cristo pelo Batismo, mas que tem necessidade incessante de se renovar à imagem
d’Aquele que o criou. Cada cristão, bem como cada comunidade, que vive a experiência
desta passagem de ressurreição, não pode deixar de converter-se em fermento novo no
mundo, doando-se sem reservas às causas mais urgentes e justas, como demonstram os
testemunhos dos Santos de todas as épocas e lugares”.
Em seguida, Bento XVI
dirigiu-se aos fiéis de modo mais informal, saudando os grupos presentes:
“Queridos
peregrinos de língua portuguesa, particularmente os portugueses vindos de Lisboa e
da Sertã e os brasileiros de Poços de Caldas, a minha saudação, com votos duma boa
continuação de santa Páscoa! Não podemos guardar só para nós a vida e a alegria que
Cristo nos deu com a sua Ressurreição, mas devemos transmiti-la a quantos se aproximam
de nós. Assim, fareis surgir no coração dos outros a esperança, a felicidade e a vida!
Sobre vós e vossas famílias, desça a minha Bênção Apostólica”.
Em italiano,
o pontífice saudou inicialmente os Diáconos da Companhia de Jesus ordenados ontem,
invocando sobre eles em seu itinerário formativo e apostólico os dons do Espírito
Santo.
Hoje estava na praça um grupo de cidadãos da ilha italiana de Lampedusa,
acompanhados por seu bispo, Dom Francesco Montenegro. O papa os encorajou a continuarem
com seu estimado esforço de solidariedade pelos irmãos migrantes.
Neste sentido,
Bento XVI pediu aos governantes que prossigam a indispensável ação de tutela da ordem
social, no interesse de todos os cidadãos.
No final do encontro, a RV colheu
as impressões de Pe. Cristiano, da Arquidiocese de Brasília. Ouça aqui: (CM)