PATRIARCA KIRILL CELEBRA MISSA PELOS 25 ANOS DO DESASTRE NUCLEAR DE CHERNOBYL
Moscou, 26 abr (RV) – Conferências e encontros entre chefes de Estado, mas
também cerimônias religiosas em Kiev, na Ucrânia, para recordar os 25 anos da tragédia
nuclear de Chernobyl, que esse ano ganha ainda mais peso, devido ao desastre da central
nuclear de Fukushima, no Japão.
O patriarca ortodoxo de Moscou e de todas
as Rússias, Kirill, celebrou, na noite de ontem, uma missa no bairro de Darntisa,
na Igreja de São Miguel Arcanjo, onde foi construído o monumento em honra aos homens
de toda a União Soviética que se revezaram no árduo trabalho de apagar e conter a
explosão em Chernobyl. A celebração foi dedicada a eles, que se empenharam também
em limpar as centrais nucleares, as cidades e as estradas, tendo de lidar com materiais
contaminados altamente radioativos.
“Estes homens – disse Kirill durante a
celebração – levaram a Deus o dom maior que a Ele pode oferecer um ser humano: doaram
a vida pelos seus próximos”. O presidente da Associação “União Chernobyl Ucrânia”,
Yuri Andreev, deu dados de que 829 mil homens apresentaram-se para essa atividade,
dos quais 356 mil ucranianos. Destes últimos, sobreviveram 219 mil.
Na madrugada
de 26 de abril de 1986, à uma hora, 26 minutos e 58 segundos, ocorreu a primeira de
uma série de explosões que destruiu o reator e o complexo da quarta unidade da central
elétronuclear de Chernobyl, que hoje é território ucraniano.
A celebração
de ontem terminou exatamente na hora do desastre de 1986, ou seja, à uma hora e 23
minutos, ao que se seguiram 25 badaladas do sino da igreja. Participaram da cerimônia
700 pessoas, entre as quais trabalhadores sobreviventes, o premier ucraniano Mykola
Azarov e o metropolita de Kiev e de toda Ucrânia. Muitos levaram flores e velas acesas.
Ambientalistas
A Organização Não-Governamental de proteção da
natureza, "World Wide Fund For Nature" ou “Fundo Mundial para a Natureza” (WWF), publicou
um documento no qual comparou os efeitos da tragédia de Chernobyl, na Ucrânia, ocorrida
há exatos 25 anos atrás, com a de Fukushima, no Japão, ocorrida recentemente.
“Nos
últimos dias – afirma a Organização ambientalista – tem-se assistido a um debate paradoxal
e de mau gosto segundo o qual o desastre de Fukushima teria menores proporções que
o de Chernobyl. Assim foi afirmado hoje pelo governo japonês, para quem as duas catástrofes
teriam naturezas distintas e o vazamento radioativo de Fukushima teria sido um décimo
daquele de Chernobyl”.
Para a Organização, “não se entende o objetivo dessa
afirmação, nem se compreende a sua instrumentalidade, que gostaria, contra toda a
evidência, de tranqüilizar a opinião pública sobre a energia nuclear e a sua periculosidade,
a esse ponto evidente a todos”.
“Esquece-se – lê na publicação da WWF – que
o problema das radiações não pode ser considerado somente em relação a sua intensidade,
mas também em função do tempo de exposição das pessoas ao material radioativo.
A
WWF considera que os dados sobre Fukushima ainda devem ser verificados, “devido à
hesitação do governo japonês e da empresa responsável pela central nuclear, a Tepco,
no que diz respeito às informações sobre o incidente e suas conseqüências”. (ED)