2011-04-26 16:53:30

A beatificação de João Paulo II: Deus fundamento de todos os nossos esforços


(26/4/2011) A declaração de um santo ou de um beato da parte da Igreja è fruto da coincidência de alguns aspectos que dizem respeito a uma determinada Pessoa. Antes de mais á um acto que manifesta algo muito importante na vida da própria Igreja. Está ligado a um culto, isto é, a uma recordação da pessoa, ao seu pleno reconhecimento na consciência da comunidade eclesial, do País ou da Igreja universal dos vários Países, os continentes, os ambientes culturais.
Um outro aspecto é a consciência de que a apresentação no altar será um sinal significativo da profundidade da fé, da irradiação da fé ao inteiro caminho de vida da respectiva Pessoa e aquele sinal tornar-se-á num convite, num estimulo para nós todos, para ama vida cristã mais profunda e integral.
Finalmente a condição sine qua non é um facto da santidade de vida da Pessoa, verificada no processo canónico bem preciso e formal. Tudo isto junto dá material á decisão do Sucessor de Pedro, do Papa sobre a proclamação de um beato ou santo no quadro da comunidade eclesial e da sua liturgia.
O Pontificado de João Paulo II era um sinal eloquente e claro não só para os católicos, mas para a opinião publica mundial, para a gente de varias raças, culturas e religiões. A reacção do mundo ao estilo de vida, ao desenvolvimento da missão apostólica, ao modo de levar o sofrimento, á decisão de continuar a missão petrina até ao fim desejada pela Providencia Divina e finalmente a reacção á sua morte, a popularidade da invocação “ Santo imediatamente” que alguém lançou no dia do funeral tiveram um fundamento forte na experiencia de encontrar a Pessoa do Papa Wojtyla.
Os fiéis sentiram, experimentaram que Ele é “o homem de Deus” que entrevê os passos concretos e os mecanismo do mundo contemporâneo verdadeiramente em Deus, na perspectiva de Deus, com os olhos de um místico que olha só para Deus. Era evidente que ele era um homem de oração, ou melhor ainda, que do dinamismo da união pessoal com Deus, da escuta permanente do que Deus quer dizer numa situação bem precisa derivava toda a actividade de Papa Wojtyla. As pessoas mais próximas dele viam que antes de cada encontro com os hospedes, com os chefes de Estado, com os altos funcionários da Igreja ou com os simples cidadãos, João Paulo II recolhia-se num momento de oração segundo as intenções dos hospedes e do encontro que estava para ter lugar.
    O contributo de Karol Wojtyla no Concilio Vaticano II

Depois do Concilio Vaticano II, durante os pontificados de Paulo VI e de João Paulo I, tornou-se significativa a maneira de apresentar o papado. Por ocasião do 25 aniversario do pontificado de João Paulo II O ministerio italiano dos Negocios Estrangeiros pubico em 2004 um livro intitulado Andate in tutto il mundo ( Ide por todo o mundo). Um dos vaticanistas, Giancarlo Zizola notou que o “ papado adquiriu uma cidadania no reino da visibilidade publica, rompendo o assedio de uma marginalização no culto e no seu interior na qual tinha sido decretada pela cidade secular, em nome de uma visão combativa do principio liberal da separação entre a Igreja e o Estado.
Um dos historiadores alemães, o jesuíta Klaus Schatz, falando de Paulo VI e João Paulo II sublinhou o significado do papado peregrinante – portanto conforme ao Concilio Vaticano II – maia como movimento missionário em relação ao mundo que pólo estático da unidade. Schatz faz referencia á maneira de interpretar a missão papal como um desafio para reforçar os irmãos na fé de uma maneira ligada á autoridade estrutural, mas com uma forte referencia carismático – espiritual, ligada é credibilidade pessoal e ao enraizamento pessoal no próprio Deus.Devemos deter-nos um momento sobre o Vaticano II. O jovem arcebispo de Cracóvia era um dos Padres Conciliares mais activos. Deu um contributo significativo aos trabalhos no que diz respeito ao Esquema XIII que mais tarde se tornou a constituição pastoral do Concilio
Gaudium et Spes sobre a Igreja no mundo contemporâneo e á constituição dogmática Lumen Gentium. O bispo Wojtyla, graças aos estudos no estrangeiro, tivera uma experiencia concreta da evangelização e da missão da Igreja tanto nos Países da Europa Ocidental como nos outros continentes, mas antes de mais do ateísmo totalitário na Polónia e nos outros Países do”bloco soviético”

E Wojtyla levou toda esta experiencia para os debates conciliares, que não tiveram nada a ver com os debates de salão, cheios de cortesia, mas sem conteúdo. Eram um forte e decisivo esforço de inserir o dinamismo do Evangelho no entusiasmo conciliar fundado na convicção de que o cristianismo é capaz de dar alma ao desenvolvimento da modernidade e á realidade do mundo social e cultural.

Tudo isto servia como preparação para as futuras responsabilidades do Sucessor de Pedro. Como João Paulo II dizia na sua primeira Encíclica , Redemptor hominis, tinha já tudo em mente, e de Cracóvia trouxe-o para Roma . Ema Roma era suficiente por por escrito estes conceitos. Na Encíclica encontramos um grande convite á humanidade para que descubra a realidade da Redenção de Cristo.
O homem permanece para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se o não experimenta e se o não torna algo seu próprio, se nele não participa vivamente. E por isto precisamente Cristo Redentor, como já foi dito acima, revela plenamente o homem ao próprio homem. ….Nesta dimensão o homem reencontra a grandeza, a dignidade e o valor próprios da sua humanidade. No mistério da Redenção o homem é novamente « reproduzido » e, de algum modo, é novamente criado. Ele é novamente criado! ……O homem que quiser compreender-se a si mesmo profundamente — não apenas segundo imediatos, parciais, não raro superficiais e até mesmo só aparentes critérios e medidas do próprio ser — deve, com a sua inquietude, incerteza e também fraqueza e pecaminosidade, com a sua vida e com a sua morte, aproximar-se de Cristo. Ele deve, por assim dizer, entrar n'Ele com tudo o que é em si mesmo, deve « apropriar-se » e assimilar toda a realidade da Encarnação e da Redenção, para se encontrar a si mesmo.
A tarefa fundamental da Igreja de todos os tempos e, de modo particular, do nosso, é a de dirigir o olhar do homem e de endereçar a consciência e experiência de toda a humanidade para o mistério de Cristo, de ajudar todos os homens a ter familiaridade com a profundidade da Redenção que se verifica em Cristo Jesus. Simultaneamente, toca-se também a esfera mais profunda do homem, a esfera — queremos dizer — dos corações humanos, das consciências humanas e das vicissitudes humanas.
    “Totus Tuus”, a entrega a Maria Mãe de Deus

A vida de João Paulo II foi plenamente dedicada ao serviço do Senhor, por intercessão da Mãe.
“Totus Tuus” era il suo mote, quer dizer para o bem da Igreja, para o bem do homem que é o Caminho da Igreja. Para isto serviam as viagens apostólicas internacionais, os encontros diários com a gente, com os responsáveis das comunidades eclesiais, com os cardeais e os bispos, com os chefes das outras Igrejas e das comunidade cristãs e com os chefes das outras religiões, mas também com os leigos. Com a mesma finalidade serviam os documentos escritos pelo Papa, as relações diplomáticas da Santa Sé com os Estados e as Organizações Internacionais.
Uma profunda convicção do valor do concilio Vaticano II- não só sobre a sua necessidade, mas também sobre a possibilidade da parte da Igreja, de levar o Evangelho de Cristo e fundar sobre ele a experiencia da Igreja como uma inspiração vivaz e dinamizadora da visão e dos mecanismos do mercado e dos interesses económicos e ideológicos particulares, cada vez mais anónimos, que trazem injustiça e a marginalização de todos os povos – e de alguns grupos sociais também nos países bem desenvolvidos - em particular advertia-se o aumento do desprezo pela vida humana.

Nas numerosas viagens apostólicas internacionais através de todos os continentes, o Papa levou a voz do Evangelho de Cristo e a preocupação da Igreja. De uma maneira mais sistemática apresentou-as nas encíclicas. Laborem exercens, Sollicitudo Rei Socialis, Centesimus Annus; mas também ’Evangelium Vitae, Veritatis splendor, Fides et Ratio; e as encíclicas que trataraam directa,ente a vida e o apostolado da Igreja, como, Dominum et Vivificantem, Redemptoris missio, Ut unim sint, Ecclesia de Eucaristia.
    A guerra no Iraque a “a ofensiva de paz”

Às vezes isto acontece de maneira diferente, como no caso dos esforços envidados para impedir a guerra entre os Estados Unidos e o Iraque, uma verdadeira ofensiva de paz” para salvar a vida da gente, mas também para impedir que cresça a inveja e as ideias loucas sobre o embate de civilizações ou sobre o aparecimento do novo fenómeno do terrorismo é escala global.
Disso são exemplo o discurso de inicio de ano ao Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé o inesquecível período de Fevereiro de 2002, que viu uma serie de encontros do Papa Wojtyla com diplomatas de primeira categoria: Joscha Fischer a 7.02; Tarek Aziz ia 14.02; Kofi Anan a 18.02; Tony Blair a 22.02; Jose Maria Aznar e o enviado di Seyyed Mohamend Reza Khatani, chefe do governo da Republica teocrática do Irão a 27.02; e finalmente, dada a situação humanamente impossível, a decisão de enviar, em missão especial, o cardeal Etchegaray a Bagdade a 15.02 e o cardeal Pio Laghi a Washington nos dias 3 a 9.03. O mês de “ Fevereiro de Wojtyla” encerrou-se depois com o encontro do cardeal J. L. Tauran com os i 74 embaixadores e diplomatas do mundo inteiro, quando em qualidade de Secretario para as relações com os Estados e portanto “Ministro dos Negócios Estrangeiros do Papa , uma vez mais lançou um apelo para evitar a guerra e recordou tudo aquilo que o Papa tinha dito na sua “ofensiva de paz”.


    O Jubileu do ano 2000: uma realidade histórica para recordar a vinda de Jesus de Nazaret



O grande jubileu da redenção do ano 2000, para João Paulo II não era um pretexto para a acção pastoral, mas antes de mais uma realidade histórica que recordava a vinda de Jesus de Nazaret e tudo aquilo que este evento histórico trouxe, quer dizer, a Redenção, o Testemunho do Amor de Deus até á Cruz e até á Ressurreição, a vida da Igreja primitiva, o caminho de salvação percorrido pelo Salvador no qual Ele introduziu a sua Igreja como um sinal e um instrumento tanto da unidade interna com Deus, como da família humana.

O Jubileu dizia respeito tanto á Terra Santa, terra de Jesus, como Roma, lugar do apostolado do Sucessor de Pedro, vinculo de autenticidade da mensagem e da unidade da comunidade eclesial. Uma mensagem reafirmada também com as Cartas apostólicas Tertio Millennio Adveniente e Nuovo Millennio Adeunte. Mas para João Paulo II a coisa fundamental era o agradecimento pessoal e da Igreja inteira ao Senhor Jesus e o encontro na fé com Ele que amou até ao fim, que nos salvou e permanece um sinal tanto mais necessário, a partir do momento que o mundo se torna surdo e procura organizar a própria vida como se Deus não existisse , vagueando assim no anonimato e na falta de sentido.

5- Um aspecto essencial do novo Beato: Deus è o fundamento de todos os nossos esforços”.

Existe um aspecto essencial, que deve ser salientado para se compreender de uma maneira mais profunda, a personalidade do novo Beato Karol Wojtyla- João Paulo II. O fundamento de todos os nossos esforços , da nossa vida está em Deus. Estamos cobertos pelo amor divino, pelo esforço da Redenção e da salvação. Mas devemos ajudas as pessoas a enraizar-se profundamente no próprio Deus; devemos fazer o possível para formar hábitos pessoais e sociais enraizados na realidade de Deus. Isto exige paciência, tempo e capacidade de ver tudo com os olhos do próprio Deus.
A última breve peregrinação de Papa Wojtyla á Polónia, mais precisamente á sua “pequena Pátria” Cracóvia, Wadowice e á Via Sacra de Kalwaria Zebrzydowska, mostrou uma determinação, mas também uma subtileza espiritual sobre o processo de amadurecimento no tempo, para que a humanidade inteira, e de maneira especial a comunidade eclesial e cristã possa compreender, de maneira mais completa, alguns aspectos fundamentais da fé.
Desde o inicio do pontificado, em 1978, nas suas homilias Wojtyla falava muitas vezes da misericórdia de Deus. E isto tornou-se tema da sua segunda Enciclica, Dives in misericordia, já em 1980. Tinha consciência do facto de que a cultura moderna e a sua linguagem não aceitam a misericórdia , tratam-na como algo estranho; procuram inscrever tudo nas categorias da justiça e do direito. Mas isto não é suficiente, ou melhor, não responde á realidade de Deus.
Sucessivamente o Papa empreende alguns passos para finalizar o processo de beatificação da Irmã Faustina Kowalska(1993), e a sua canonização (2000). Aproximar da inteira comunidade eclesial esta figura estreitamente ligada á Mensagem da Misericórdia facilitou a João Paulo II o desenvolvimento do tema e da realidade da divina misericórdia nos vários contextos do mundo.

Finalmente em Agosto de 2002 em Lagiewniki, lugar da vida e da morte da Irmã Faustina João Paulo II confiou sem reservas a Deus misericordioso, Aquele que era uma fonte de inspiração, mas também de força, para o seu serviço como sucessor de Pedro:luogo di vita e di morte di Suor Faustina, Wojtyla affidò il mondo alla Divina Misericordia, lo affidò senza riserva a Dio misericordioso, a Colui che era una fonte di ispirazione, ma anche di forza, per il suo servizio come Successore di Pietro. “É o Espírito Santo, Consolador e Espírito de Verdade, que nos conduz pelos caminhos da Misericórdia Divina. Ele, convencerá o mundo "do pecado, da justiça e do juízo" (Jo 16, 8), ao mesmo tempo revela a plenitude da salvação em Cristo. Este convencer em relação ao pecado realiza-se numa dupla relação à Cruz de Cristo. Por um lado, o Espírito Santo permite-nos, mediante a Cruz de Cristo, reconhecer o pecado, qualquer pecado, na total dimensão do mal, que em si contém e esconde. Por outro lado, o Espírito Santo permite-nos, sempre mediante a Cruz de Cristo, ver o pecado à luz do mysterium pietatis, isto é, do amor misericordioso e indulgente de Deus (cf. Dominum et vivificantem, 32).
Desta forma, "convencer em relação ao pecado" torna-se ao mesmo tempo um convencer que o pecado pode ser perdoado e o homem pode novamente corresponder à dignidade do filho predilecto de Deus. De facto, a Cruz, "é o modo mais profundo de a divindade se debruçar sobre a profundidade (...). A Cruz é como que um toque do amor eterno nas feridas mais dolorosas da existência terrena do homem" (, 8). Esta verdade será sempre recordada pela pedra angular deste Santuário, tirada do monte do Calvário, de certa forma debaixo da Cruz, sobre a qual Jesus Cristo venceu o pecado e a morte.
Estou firmemente convicto de que este novo templo permanecerá sempre um lugar onde as pessoas se apresentarão diante de Deus em Espírito e verdade. Virão com a confiança que assiste todos aqueles que humildemente abrem o coração à acção misericordiosa de Deus, àquele amor que nem sequer o maior pecado pode destruir. Aqui, no fogo do amor divino, os corações arderão bradando à conversão, e quem procura a conversão ou a esperança encontrará alívio.
5. "Pai eterno, ofereço-Te o Corpo e o Sangue, a Alma e a divindade do teu dilectíssimo Filho e nosso Senhor Jesus Cristo, pelos nossos pecados e pelos pecados de todo o mundo; pela Sua dolorosa Paixão, tem piedade de nós e de todo o mundo" (Diário, 476, ed. it., pág. 193). De nós e do mundo inteiro... Quanta necessidade da misericórdia de Deus tem hoje o mundo! Em todos os continentes, do profundo do sofrimento humano, parece que se eleva a invocação da misericórdia. Onde predominam o ódio e a sede de vingança, onde a guerra causa o sofrimento e a morte dos inocentes, é necessária a graça da misericórdia para aplacar as mentes e os corações, e para fazer reinar a paz. Onde falta o respeito pela vida e pela dignidade do homem, é necessário o amor misericordioso de Deus, a cuja luz se manifesta o indescritível valor de cada ser humano. É necessária a misericórdia para fazer com que toda a injustiça no mundo encontre o seu fim no esplendor da verdade.
Por isso hoje, neste Santuário, desejo confiar solenemente o mundo à Misericórdia Divina. Faço-o com o desejo ardente de que a mensagem do amor misericordioso de Deus, aqui proclamado por intermédio de Santa Faustina, chegue a todos os habitantes da terra e cumule os seus corações de esperança. Esta mensagem se difunda deste lugar em toda a nossa Pátria e no mundo. Oxalá se realize a firme promessa do Senhor Jesus: deve elevar-se deste lugar "a centelha que preparará o mundo para a sua última vinda"
Os últimos meses de vida de João Paulo II, tão marcados pelo sofrimento, levaram ao cumprimento do seu Pontificado.








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