BENTO XVI PRESIDIU A VIGÍLIA PASCAL NA BASÍLICA DE SÃO PEDRO: EM SUA HOMILIA, A CRIAÇÃO
Cidade do Vaticano, 24 abr (RV) - Na noite deste sábado, 23 de abril, o Papa
Bento XVI presidiu a celebração da Vigília Pascal na Basílica de São Pedro. Esta teve
início no átrio da Basílica, com a benção do fogo e a preparação do círio pascal.
Durante a cerimônia, o Santo Padre administrou o batismo, a crisma e a primeira comunhão
a seis catecúmenos, provenientes da Suíça, Albânia, Rússia, Peru, Singapura e China.
Iniciando
a sua homilia, na qual tratou longamente sobre a Criação, o Pontífice explicou: “dois
grandes sinais caracterizam a celebração litúrgica da Vigília Pascal. Temos antes
de mais nada – disse -, o fogo que se torna luz. A luz do círio pascal que, na procissão
através da igreja encoberta na escuridão da noite, se torna uma onda de luzes, fala-nos
de Cristo como verdadeira estrela da manhã eternamente sem ocaso, fala-nos do Ressuscitado
em quem a luz venceu as trevas”.
Em seguida, o Papa falou sobre o segundo sinal,
que é a água: “esta recorda, por um lado, as águas do Mar Vermelho, o afundamento
e a morte, o mistério da Cruz; mas, por outro, aparece-nos como água nascente, como
elemento que dá vida na aridez. Torna-se assim imagem do sacramento do Batismo, que
nos faz participantes da morte e ressurreição de Jesus Cristo”.
Bento XVI
ressaltou então outra característica da Vigília, que disse ser verdadeiramente essencial,
qual seja: o fato de nos proporcionar um vasto encontro com a palavra da Sagrada Escritura.
“A Igreja quer, através de uma ampla visão panorâmica, conduzir-nos ao longo do caminho
da história da salvação, desde a criação passando pela eleição e a libertação de Israel
até aos testemunhos proféticos, pelos quais toda esta história se orienta cada vez
mais claramente para Jesus Cristo”, sublinhou o Papa.
E assim recordou que,
“na Vigília Pascal, o percurso ao longo dos caminhos da Sagrada Escritura começa pelo
relato da Criação”, a qual disse não se tratar de uma informação sobre a realização
exterior da transformação do universo e do homem. O Santo Padre a compreende “não
como narração real das origens das coisas, mas como apelo ao essencial, ao verdadeiro
princípio e ao fim do nosso ser”.
Falou ainda sobre a mensagem central do
relato da Criação, citando São João, nas primeiras palavras do seu Evangelho “No princípio,
era o Verbo”. “O mundo é uma produção da Palavra, do Logos, como se exprime João com
um termo central da língua grega. ‘Logos’ significa ‘razão’, ‘sentido’, ‘palavra’
”. E prosseguiu: “não é apenas razão, mas Razão criadora que fala e comunica a Si
mesma. Trata-se de Razão que é sentido, e que cria, Ela mesma, sentido. Por isso,
o relato da criação diz-nos que o mundo é uma produção da Razão criadora. E deste
modo diz-nos que, na origem de todas as coisas, não está o que é sem razão, sem liberdade;
pelo contrário, o princípio de todas as coisas é a Razão criadora, é o amor, é a liberdade”.
Referindo-se à celebração do primeiro dia da criação, Bento XVI ressaltou:
“deste modo, celebramos Deus, o Criador, e a sua criação”. “Sim, creio em Deus, Criador
do Céu e da Terra” – afirmou. “E celebramos o Deus que Se fez homem, padeceu, morreu,
foi sepultado e ressuscitou. Celebramos a vitória definitiva do Criador e da sua criação.
(...) Celebramo-lo, porque sabemos que agora vale definitivamente o que se diz no
fim do relato da criação: ‘Deus viu que tudo o que tinha feito; era tudo muito bom’
(Gn 1, 31)” -, concluiu o Papa. (ED)