BENTO XVI: SACERDOTES, RENOVEM O SIM AO CHAMADO DE DEUS
Cidade do Vaticano, 21 abr (RV) - Bento XVI presidiu a Missa do Crisma, na
manhã desta Quinta-Feira Santa, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Em sua
homilia, o pontífice ressaltou que o centro da liturgia da manhã de hoje é a bênção
dos Santos Óleos, ou seja, os óleos para a unção dos catecúmenos, para a unção dos
enfermos e o óleo do crisma que serão utilizados nos Sacramentos que conferem o Espírito
Santo, ou seja, a Confirmação, a Ordenação Sacerdotal e a Ordenação Episcopal.
"Nos
Sacramentos, o Senhor nos toca através dos elementos da criação. Aqui, torna-se visível
a unidade entre criação e redenção. Os sacramentos são expressão da corporeidade da
nossa fé, que abraça corpo e alma, isto é, o homem inteiro. Pão e vinho são frutos
da terra e do trabalho humano. O Senhor os escolheu como portadores de sua presença.
O óleo é símbolo do Espírito Santo e, ao mesmo tempo, alude a Cristo: a palavra Cristo,
Messias, significa Ungido" - frisou Bento XVI.
Os cristãos são aqueles que
pertencem a Cristo e por isso participam de sua unção, são tocados pelo seu Espírito.
Dizia Santo Inácio de Antioquia: "Deixemos que estes Santos Óleos lembrem este dever
contido na palavra cristão, e peçamos ao Senhor para que não nos limitemos a chamar-nos
cristãos, mas o sejamos de fato".
O Papa explicou que os três óleos santos
expressam as dimensões essências da vida cristã. O óleo dos catecúmenos indica o primeiro
modo de ser tocado por Cristo e seu Espírito, um toque interior, no qual o Senhor
atrai e aproxima de Si as pessoas. O óleo dos catecúmenos nos diz que não só os homens
procuram a Deus, mas o próprio Deus vem ao encontro dos homens.
Falando sobre
o óleo para a Unção dos Enfermos, o Papa convidou a pensar nos famintos e sedentos,
nas vítimas da violência em todos os continentes, nos doentes, nos perseguidos e humilhados,
e nas pessoas com o coração dilacerado. "A primeira e fundamental cura se realiza
no encontro com Cristo, que nos reconcilia com Deus e sara o nosso coração despedaçado,
mas, além deste dever central, faz parte da missão da Igreja a cura concreta da doença
e do sofrimento. O óleo para a Unção dos Enfermos é expressão sacramental visível
desta missão" – ressaltou o pontífice.
Bento XVI falou então sobre o mais
nobre dos óleos eclesiais: o Óleo do Crisma, uma mistura de azeite de oliveira e perfumes
vegetais. É o óleo da unção sacerdotal e da unção real, unções estas que estão ligadas
às grandes tradições de unção da Antiga Aliança. Este óleo serve, sobretudo, para
a unção nos Sacramentos da Confirmação e da Ordem. "A unção no Batismo e na Confirmação
nos introduz no ministério sacerdotal em favor da humanidade. Os cristãos são um povo
sacerdotal em favor do mundo e devem tornar visível no mundo o Deus vivo, testemunhá-Lo
e conduzir as pessoas a Ele" – disse ainda o Papa, acrescentando: "Apesar de toda
a vergonha pelos nossos erros, não devemos nos esquecer que hoje existem também exemplos
luminosos de fé; pessoas que, pela sua fé e o seu amor, dão esperança ao mundo. Quando
for beatificado o Papa João Paulo II no próximo dia 1° de maio, cheios de gratidão
pensaremos nele como grande testemunha de Deus e de Jesus Cristo no nosso tempo, como
homem cheio do Espírito Santo. E juntamente com João Paulo II, pensaremos no grande
número daqueles que ele beatificou e canonizou, e que nos dão a certeza de que também
hoje a promessa de Deus e o seu mandato não ficam sem efeito".
Enfim, Bento
XVI falou especialmente aos sacerdotes: "A Quinta-Feira Santa é de modo particular
o nosso dia. Na Última Ceia, o Senhor instituiu o sacerdócio neo-testamentário. 'Consagra-os
na verdade', pediu Jesus ao Pai para os Apóstolos e os sacerdotes de todos os tempos.
Com imensa gratidão pela nossa vocação e com grande humildade por todas as nossas
insuficiências, renovemos nesse dia o nosso sim ao chamado do Senhor". (MJ)