2011-04-20 14:52:39

A IGREJA E O ANÚNCIO DO EVANGELHO NO DECRETO CONCILIAR "AD GENTES"


Cidade do Vaticano, 20 abr (RV) - A Igreja é missionária "por natureza". Essa afirmação, tão conhecida e comum em nossos dias, provém dos ensinamentos do Concílio ecumênico Vaticano II. Está contida no Decreto Ad gentes (documento conciliar sobre a atividade missionária da Igreja), promulgado por Paulo VI em dezembro de 1965.

Trata-se de um documento basilar que abriu uma nova estação para a evangelização, como nos recorda o jesuíta, Pe. Dariusz Kowalczyk, no âmbito de uma abordagem voltada a redescobrir os documentos conciliares.

Um errôneo espírito conciliar diz que hoje se deve suspender a evangelização para poder dialogar. Nessa linha de pensamento, a Evangelização – entendida como o propor a fé católica com as palavras e os exemplos – se contraporia ao diálogo quer com as outras religiões e confissões, quer com os ateus. Segundo essa concepção, a evangelização cria problema, e o diálogo une.

Porém, isso não é o que nos ensina o Concílio – observa Pe. Kowalczyk. No decreto sobre a atividade missionária da Igreja, lemos: "A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária" (n. 2), ou seja, a Igreja deve esforçar-se para levar o anúncio do Evangelho a todos os homens. Desse modo, ela responde às exigências mais profundas da sua catolicidade e à ordem específica de seu fundador (cfr. n. 1):

"Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos" (Mt 28,19). O diálogo deve ser visto, portanto, como uma dimensão da evangelização, e não ao contrário.

O Concílio ensina que os não-cristãos podem ser salvos, porque Deus, mediante caminhos que somente Ele conhece, dá aos homens que, sem culpa sua, ignoram o Evangelho, a sua graça. Mas, ao mesmo tempo, afirma que "não se poderiam salvar aqueles que, não ignorando que Deus fundou, por intermédio de Jesus Cristo, a Igreja Católica como necessária, não quisessem, apesar disso, entrar nela ou nela perseverar" (n. 7).

No passado nem sempre se compreendeu que a pregação do Evangelho deveria respeitar a liberdade do homem. Por isso o Concílio diz com clareza:

"A Igreja proíbe severamente obrigar quem quer que seja a abraçar a fé, ou induzi-lo e atraí-lo com práticas indiscretas, do mesmo modo que reclama com vigor o direito de ninguém ser afastado da fé por meio de vexações iníquas" (n. 13).

Essas palavras – conclui Pe. Kowalczyk – referem-se, também, a situações em que uma laicização agressiva busca impor-se com um espírito quase missionário, ou, mais precisamente, antimissionário. (RL)







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