BENTO XVI: PRECISAMOS DA HUMILDADE DA FÉ QUE PROCURA ROSTO DE DEUS
Cidade do Vaticano, 17 abr (RV) - Bento XVI presidiu esta manhã, na Praça São
Pedro, no Vaticano, a celebração eucarística do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor,
da qual participaram milhares de fiéis e peregrinos.
Em sua homilia, o Papa
recordou que neste dia, ao longo dos séculos por toda a face da terra, jovens e pessoas
de todas as idades aclamam o Senhor dizendo: "Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que
vem em nome do Senhor!"
Jesus sabia que o esperava uma Páscoa nova e que Ele
mesmo tomaria o lugar dos cordeiros imolados, oferecendo-se a si mesmo na Cruz. "A
nossa procissão de hoje quer ser imagem de algo mais profundo, imagem do fato que
caminhamos em peregrinação, juntamente com Jesus, para a estrada alta que leva ao
Deus vivo" – frisou o pontífice.
O Santo Padre sublinhou que "desde sempre,
e hoje ainda mais, os homens nutriram o desejo de «ser como Deus»; de alcançar, eles
mesmos, a altura de Deus" – e acrescentou:
"Em todas as invenções do espírito
humano, em última análise, procura-se conseguir asas para poder elevar-se à altura
do Ser divino, para se tornar independentes, totalmente livres, como é Deus. A humanidade
pôde realizar tantas coisas: somos capazes de voar; podemos ver-nos uns aos outros,
ouvir e falar entre nós dum extremo do mundo ao outro, e todavia, a força de gravidade
que nos puxa para baixo é poderosa. Junto com as nossas capacidades, não cresceu apenas
o bem; cresceram também as possibilidades do mal, que se levantam como tempestades
ameaçadoras sobre a história. E perduram também os nossos limites: basta pensar nas
catástrofes que, nestes meses, afligiram e continuam afligindo a humanidade" - disse
o Papa.
O Santo Padre ressaltou que a Igreja nos faz um convite "Sursum corda
– corações ao alto!" "O coração, segundo a concepção bíblica e na visão dos Padres
da Igreja, é aquele centro do homem onde se unem o intelecto, a vontade e o sentimento,
o corpo e a alma; é aquele centro, onde o espírito se torna corpo e o corpo se torna
espírito, onde vontade, sentimento e intelecto se unem no conhecimento de Deus e no
amor a Ele. Este «coração» deve ser elevado, mas sozinhos somos demasiado frágeis
para elevar o nosso coração até a altura de Deus; não somos capazes disso" – disse
ainda Bento XVI.
Cristo veio ao mundo para nos levar a Deus, "desceu até a
humilhação extrema da existência humana, a fim de nos levar para o alto rumo a Ele,
rumo ao Deus vivo. Jesus humilhou-se e só assim podia ser superada a nossa soberba:
a humildade de Deus é a forma extrema de seu amor, e este amor humilde atrai para
o alto" – sublinhou o Papa.
Bento XVI sublinhou que a liturgia de hoje, indica
alguns elementos concretos, que pertencem à nossa elevação e sem os quais não podemos
ser levados para o alto: "as mãos inocentes, o coração puro, a rejeição da mentira,
a procura do rosto de Deus".
"As grandes conquistas da técnica só nos tornam
livres e são elementos de progresso da humanidade, se forem acompanhadas por estas
atitudes: se as nossas mãos se tornarem inocentes e o coração puro, se permanecermos
à procura da verdade, à procura do próprio Deus e nos deixarmos tocar e interpelar
pelo seu amor. Mas todos estes elementos da elevação só serão úteis, se reconhecermos
com humildade que devemos ser levados para o alto, se abandonarmos a soberba de querermos
ser Deus. Temos necessidade Dele: Deus nos leva para o alto; permanecer apoiados em
suas mãos, isto é, na fé, nos dá a orientação justa e a força interior que nos leva
para o alto. Temos necessidade da humildade da fé, que procura o rosto de Deus e se
entrega à verdade do seu amor" - frisou o pontífice.
"Com o Senhor, caminhamos,
peregrinos, para o céu. Vamos à procura do coração puro e das mãos inocentes, à procura
da verdade, procurando o rosto de Deus. Peçamos ao Senhor para que nos torne puros,
a fim de que possamos pertencer à geração dos que buscam a Deus, dos que procuram
a face do Deus de Jacó" – concluiu o Papa. (MJ)