Rio de Janeiro, 17 abr (RV) - Continuando nossas reflexões catequéticas quaresmais
enfocando a iniciação cristã saliento hoje a necessidade do aprofundamento da fé.
Após o primeiro anúncio (kerigma), deve seguir-se os passos de nossa caminhada
de iniciação cristã. É o momento de aprofundarmos a inspiração catequética do catecumenato.
Neste tempo propício quaresmal é um bom momento de abrir nossas mentes e corações
para o itinerário da iniciação cristã.
O processo catecumenal (que tem como
interlocutores as pessoas não batizadas como as já batizadas, que não receberam no
devido momento o primeiro anúncio missionário), é destinado tanto aos adultos como
aos jovens e crianças. (...) “a preocupação central da catequese seja a educação da
fé, a iniciação à vida comunitária, a formação do cristão ético e solidário; a celebração
do sacramento é uma decorrência da caminhada da fé e da vida comunitária” (DNC, 312).
Nessa
tarefa de evangelizar, a comunidade não pode pressupor a fé em seus interlocutores
jovens e adultos, mas, consequentemente, antes de realizar a catequese, a comunidade
eclesial deve programar de maneira permanente o primeiro anúncio, o Querigma. Assim,
a ação evangelizadora da comunidade cristã exerce uma função maternal e pedagógica,
mediante uma calorosa acolhida aos batizados que procuram se integrar a ela. Isto
envolve um acompanhamento especial, tanto no anúncio missionário como nas celebrações
litúrgicas e na vida familiar e social dos batizados, mas, sobretudo, quando a comunidade
compartilha com esses irmãos a alegria de terem escutado a Deus em seu coração e de
decidirem seguir fielmente a Jesus Cristo.
Segundo indica o Ritual da Iniciação
Cristã de Adultos, esta catequese precisa se realizar em graus contínuos e progressivos,
e adaptada à cultura dos catequizandos. Seu objetivo é completar a Iniciação Cristã
pela recepção dos sacramentos da Confirmação e da Eucaristia, incorporá-los à Páscoa
de Cristo e inseri-los na comunidade cristã como pedras vivas (cf. 1Pd 2,5), levando-os
a descobrir seu lugar dentro da Igreja e sua própria vocação no mundo.
É
importante que as comunidades eclesiais assumam o catecumenato como caminho renovador
da evangelização dos fiéis afastados ou distantes da fé e da comunidade. Da mesma
maneira, devem estabelecer critérios, linhas de ação e formas de catecumenato que
respondam adequadamente às necessidades reais da catequese. Assim, a nova evangelização
catequética deverá levar os não batizados e batizados afastados a uma autêntica reconciliação
com Deus, com eles mesmos e com a comunidade.
Nessa direção, todos necessitamos
de uma renovação cristã. Por isso é que surgem hoje grupos de pessoas que, ao reviver
a experiência catecumenal na iniciação à vida cristã, foram também inspiradas em fazer
esse mesmo caminho de fé para os já batizados que necessitam de recuperar a dimensão
de fé de suas vidas. E milhares estão respondendo a esse chamado. Que a Páscoa
nos encontre renovados e acordados para alegremente professarmos nossa fé comum e
renovarmos os compromissos batismais com a promessa de viver evangelizando.
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Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de
Janeiro, RJ