PREGAÇÃO QUARESMAL DE FREI CANTALAMESSA: O AMOR CRISTÃO TEM RELEVÂNCIA SOCIAL
Cidade do Vaticano, 15 abr (RV) - O Pregador da Casa Pontifícia, o Frade Capuchinho
Pe. Raniero Cantalamessa, fez na manhã desta sexta-feira, na Capela Redemptoris
Mater da residência apostólica, no Vaticano, na presença do Papa e da Cúria Romana,
a sua quarta e última pregação de Quaresma.
O religioso abordou o tema da relevância
social do Evangelho: de fato, o amor cristão deve ser tangível, ou seja, deve traduzir-se
em gestos concretos de caridade que – entre outras coisas, como afirma Jesus – constituirão
a matéria do Juízo final.
"Os historiadores da Igreja – prosseguiu o religioso
capuchinho – veem nesse espírito de solidariedade fraterna um dos fatores principais"
da missão e pregação do cristianismo nos primeiros três séculos.
Tudo isso
"se traduz em iniciativas – e mais tarde em instituições – criadas para a assistência
aos enfermos, apoio às viúvas e aos órfãos, ajuda aos encarcerados, refeitórios para
os pobres, auxílio aos forasteiros".
A época moderna, sobretudo o Séc. XIX,
marcou "uma reviravolta, levando à ribalta o problema social. Tomou-se consciência
de que não basta prover, caso por caso, as necessidades dos pobres e dos oprimidos,
mas é preciso agir nas estruturas que criam os pobres e os oprimidos". Daí nasceu
a doutrina social da Igreja.
Todavia, recordou Frei Cantalamessa, "o Evangelho
não dá soluções diretas aos problemas sociais", mas contém "princípios que se prestam
a elaborar respostas concretas às diferentes situações históricas".
E como
"as situações e os problemas sociais mudam de uma época para outra, o cristão é chamado
a encarnar, em cada caso, os princípios do Evangelho na situação do momento".
A
contribuição das encíclicas sociais dos papas é precisamente isso – concluiu o Pregador
da Casa Pontifícia: elas se seguem, retomando cada uma o discurso a partir do ponto
deixado pelas encíclicas precedentes", e "atualizam esse ponto baseadas nas instâncias
novas apresentadas pela sociedade" e "também baseadas numa interrogação sempre nova
sobre a Palavra de Deus". (RL)