ITÁLIA: JESUÍTAS DIVULGAM RELATÓRIO SOBRE REFUGIADOS
Roma, 14 abr (RV) – O Serviço Jesuíta para os Refugiados na Itália divulgou
hoje, numa coletiva de imprensa, o seu relatório anual. Em 2010, 16 mil imigrantes
pediram asilo em um dos centros de acolhimento. Em 2009, foram 17.600 pedidos, em
2008, mais de 30 mil.
Confirmamos que houve uma queda nos pedidos de asilo,
diz o diretor dos centros de acolhimento, Berardino Guarino, mas a política migratória
restritiva do governo italiano, em 2010, não impediu o aumento de clandestinos, que
chegaram a 40 mil vindos da costa africana, então, na verdade, a Itália rejeitou os
refugiados!
Grande parte é africana, outros vêm de países como Afeganistão
e Iraque. Muitos fugiram de seus países depois de sofrerem torturas. No topo da lista
dos torturados, cidadãos da Guiné Cronaqui. Quem ouve os relatos é o psiquiatra de
refugiados, Giancarlo Santone.
"São torturas horrendas. São torturas físicas,
torturas psicológicas e abusos sexuais. É o que me relatam principalmente as mulheres,
mas os homens também têm histórias semelhantes. Na Guiné Cronaqui houve uma repressão
generalizada dentro de uma grave situação social. Depois disso, vieram as perseguições
políticas e étnicas. As mulheres contam que foram feitas reféns, colocadas em cárceres
e abusadas de modo selvagem por militares. Dizem que viram a morte das companheiras
de cela e de serem obrigadas a abandonar família, filhos e com a dor que isso comporta
nas suas vidas".
Os dados do relatório não consideraram os refugiados vindos
da Líbia e da Tunísia, que desembarcaram na Itália em 2011. Guarino diz que o governo
italiano deve criar uma lei de proteção aos refugiados e centros de acolhimentos organizados.
"Se
nós não construirmos um sistema de acolhimento mais descentralizado e bem dirigido
estaremos sempre em situação de emergência. Em 2011 não se pode mais falar em emergência
por causa de 20 mil pessoas que chegam à Itália, é um fenômeno normal". (RB)