2011-04-12 13:29:15

COSTA DO MARFIM: DETIDO GBAGBO. MAIS DE 800 MORTOS


Paris/Abidjã, 12 abr (RV) - O ministro das Relações Exteriores francês, Alain Juppé, disse ontem que a detenção do presidente em fins de mandato da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, “é uma boa notícia”, e insistiu que não foram as tropas francesas a capturá-lo.

Em entrevista à emissora de rádio France Info, Juppé explicou que as forças francesas da missão Licorne bombardearam alvos militares em Abidjã, mas foram os militares leais ao presidente reconhecido pela comunidade internacional, Alassane Ouattara, que entraram ontem na residência de Gbagbo e o detiveram.

Entretanto, Ivan Simonovich, do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, disse ontem em coletiva que os abusos de direitos humanos em Abidjã e no oeste do país foram “sistemáticos e generalizados”, por parte dos aliados do presidente cessante Laurent Gbagbo e do eleito Alassane Ouattara.

Antes dos últimos confrontos, que levaram à rendição de Gbagbo, já estavam confirmadas 400 baixas, entre as quais 150 civis, atingidos por armas pesadas.

Para Simonovich, “o problema atual de Abidjã é o vácuo de segurança. Há casos de pilhagem, violações, homicídios na área controlada de ambos os lados do conflito”. Agora, na sequência da rendição de Laurent Gbagbo, a ONU deverá ter condições para apurar o número exato de mortos e de casos de violações de direitos humanos.

Fora da capital, a ONU confirmou outras 400 mortes, das quais 255 em Duekoue, as forças de Ouattara cometeram um massacre entre os dias 28 e 29 de março. Há informações que também em Bangolo registra-se um número elevado de vítimas

Quanto ao número de refugiados e deslocados, a Igreja Católica diz que está ao redor de 18 mil, pouco menos do estimado anteriormente.

Recém-retornado de uma missão – fracassada – de entrar no país levando uma mensagem de Bento XVI, o Cardeal Peter Kodwo Turkson, presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, garante que este não é um conflito “inter-religioso”.

Para o cardeal ganês, não se pode definir assim o contencioso entre o cristão Gbagbo e o muçulmano Ouattara, porque na realidade, os aliados de ambos são de religiões diferentes.

Desde 28 de novembro de 2010, quando os eleitores da Costa do Marfim foram às urnas na esperança de escolher o novo presidente, o país está dividido entre forças rivais que disputam a vitória eleitoral e, com ela, a liderança legítima da nação.
(CM)








All the contents on this site are copyrighted ©.