2011-04-09 17:58:59

CARDEAL TURKSON SOBRE COSTA DO MARFIM: QUEM PERDEU ELEIÇÕES DÊ LUGAR AO VENCEDOR


Cidade do Vaticano, 09 abr (RV) - Vive-se uma calma repleta de tensão, neste sábado, em Abidjan, na Costa do Marfim, onde prossegue o assédio ao palácio presidencial, onde se encontra o Presidente Laurent Gbagbo, que insiste em não reconhecer a eleição de seu oponente Alassane Ouattara.

As forças de Gbagbo resistem ao assédio e respondem com armas pesadas. Atacaram também a residência do embaixador francês com alguns mísseis. Foi imediata a represália dos soldados franceses da força "Licorne", presentes na cidade, que destruíram um veículo blindado das forças pró-Gbagbo.

Por sua vez, Human Rights Watch acusa tanto as milícias do Presidente Gbagbo quanto as do Presidente eleito, Ouattara, de massacres indiscriminados contra a população civil: centenas de pessoas, inclusive mulheres e crianças, teriam sido assassinadas, inteiros vilarejos dados às chamas.

Tudo isso, ao tempo em que continua o drama humanitário de centenas de milhares de deslocados em fuga: a ONU lançou um apelo à abertura de corredores humanitários.

Nesta sexta-feira, por sua vez, voltou para Roma o Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, o Cardeal ganense Peter Kodwo Appiah Turkson, que o Papa enviara à Costa do Marfim para uma missão de "paz" e "reconciliação": infelizmente, o purpurado não conseguiu chegar ao país. Eis o seu testemunho:

Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson:- "Nenhum avião podia entrar na Costa do Marfim e o Núncio que devia acolher-me não podia sair porque a sua residência está muito próxima do palácio presidencial. Portanto, aguardei um pouco em Acra, na República de Gana, esperando que a situação mudasse um pouco, mas não tive sorte. Procurei ter ajuda da ONU, porque a ONU fazia voos especiais de Acra para a Costa do Marfim, mas, como pude verificar, a ONU não queria correr este risco – em situações muito delicadas e perigosas como estas – de levar uma pessoa que não fizesse parte de sua equipe. Havia o toque de recolher e, portanto, não foi possível entrar na Costa do Marfim porque o aeroporto estava fechado."

P. Quais são as suas esperanças em relação a essa crise?

Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson:- "A minha esperança é que essa crise acabe o quanto antes. Faço votos de que quem perdeu as eleições consiga aceitar a vontade que a população expressou mediante o voto, e se não está de acordo, espere democraticamente as próximas eleições. Quem perdeu deve aceitar o resultado, deve colocar-se à parte e esperar as próximas eleições em busca de obter consensos para o seu plano de desenvolvimento do país. Não se pode fazer com que pessoas morram por causa de divisões étnicas ou tribais, ou até mesmo para seguir "profecias" pronunciadas por alguns pastores, que definem alguém como "ungido do Senhor" para que conduza o país. A minha esperança é que cesse esse derramamento de sangue e que se possa voltar a dialogar e a discutir. É preciso buscar convencer quem perdeu as eleições a aceitar o resultado." (RL)







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